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CLONAGEM
Colega de Woo-Suk Hwang, da Universidade Nacional de Seul, afirma que ele forjou dados sobre células-tronco
Estudo revolucionário é fraude, diz coreano
DA REDAÇÃO
O artigo científico mais impactante do ano é uma fraude, afirmou ontem um dos pesquisadores sul-coreanos que o assinam.
Sung-il Roh, do Hospital Mizmedi, em Seul, disse à televisão e aos
jornais de seu país que pelo menos nove das 11 linhagens de células-tronco embrionárias humanas supostamente criadas por clonagem pela equipe de Woo-Suk
Hwang nunca existiram.
Líder da equipe de pesquisa que
publicou esse trabalho aparentemente revolucionário no periódico especializado "Science"
(www.sciencemag.org), Hwang
ainda não comentou as alegações
do ex-colega. Mas Roh diz que o
próprio cientista confessou a
fraude. "Ele me disse que não haviam células-tronco clonadas. Por
isso, ele apresentou células tiradas
do Hospital Mizmedi", contou
Roh em entrevista à rede de TV
KBS e ao jornal "Hankyoreh".
"A situação que temos agora é
esta: ainda podem existir duas linhagens de células-tronco, ou nenhuma", completou o pesquisador, dizendo que tem dúvidas sobre a autenticidade dessas linhagens também. Numa de suas entrevistas, ele chegou a dizer que as
linhagens que realmente existiam
tinham morrido. Em dado momento, Roh chamou o artigo, publicado on-line em maio pela
"Science", de "uma mentira".
Outro pesquisador entrevistado
pela TV coreana, identificado
apenas como Kim, disse ter forjado fotos das supostas linhagens
de células-tronco a mando de
Hwang. "Eu não tive escolha",
afirmou o cientista.
Da esperança ao desastre
Não é por acaso que o trabalho
de Hwang e seu ex-colaborador
americano, Gerald Schatten, da
Universidade de Pittsburgh, foi
aclamado mundialmente. As células-tronco embrionárias humanas são provavelmente a maior
promessa da medicina do século
21, graças à sua capacidade de assumir a função de praticamente
qualquer tecido do organismo.
Ao supostamente produzi-las
por meio de clonagem -usando
o material genético de 11 pacientes tetraplégicos e portadores de
doenças degenerativas-, os pesquisadores teriam dado o primeiro passo para produzir órgãos sob
medida para transplante, sem riscos de rejeição, já que possuem o
mesmo DNA do doente.
Antes disso, em fevereiro de
2004, Hwang anunciou a criação
do primeiro embrião humano
clonado, também na "Science".
Ele e Schatten publicaram, após as
linhagens, pesquisa com o primeiro cão clonado, desta vez na
"Nature" (www.nature.com), outra das revistas científicas mais
prestigiosas do planeta.
As dúvidas sobre o trabalho do
coreano começaram a se tornar
sérias no mês passado, quando
Schatten declarou que encerraria
a colaboração "por razões éticas".
Depois de declarações do próprio
Roh sobre compra de óvulos para
pesquisa, Hwang admitiu que
duas de suas subordinadas haviam contribuído com essas células para os estudos. Ambas as práticas são consideradas anti-éticas.
Os problemas continuaram
com relatos de que as fotos publicadas no artigo da "Science" estavam duplicadas. A revista confirmou o erro, mas disse que ele não
influía no resultado da pesquisa.
Nesta semana, porém, cientistas
coreanos e Schatten citaram erros
inexplicáveis nas análises de DNA
usadas para comprovar que as células vieram mesmo de clones, e o
americano pediu para retirar seu
nome do trabalho.
Pedido de transparência
Oito dos maiores especialistas
em clonagem do planeta, liderados por Ian Wilmut, o "pai" da
ovelha Dolly, enviaram à "Science" carta na qual pedem que
Hwang colabore com uma investigação independente de seus dados. Os pesquisadores se oferecem para verificar os dados de
DNA das linhagens e estabelecer
se elas são mesmo clonadas.
A Universidade Nacional de
Seul deveria realizar hoje entrevista coletiva sobre um inquérito
interno do trabalho de Hwang. O
pesquisador esteve hospitalizado,
com úlceras, e não foi localizado
para comentar o caso. Durante a
recente crise, o governo sul-coreano continuou a manifestar seu
apoio ao cientista, e milhares de
mulheres do país se ofereceram
para doar seus óvulos.
Com agências internacionais
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