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Brasil entra em consórcio para estudar expansão do Universo
Projeto DES investigará a energia escura, que acelera o crescimento do cosmo
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma equipe de pesquisadores brasileiros vai participar do
primeiro grande projeto internacional para investigar a energia escura, uma entidade cósmica de origem misteriosa que
faz o Universo se expandir de
maneira acelerada.
Em janeiro, cientistas de diversos institutos liderados pelo
ON (Observatório Nacional) e
pelo CBPF (Centro Brasileiro
de Pesquisas Físicas) firmaram
acordo para participar do DES
(Levantamento de Energia Escura, na sigla em inglês).
Com início previsto para
2010, o projeto usará um supertelescópio em Cerro Tololo, no
Chile, para mapear grande parte do céu do hemisfério Sul.
"O objetivo é ter uma amostra estatística bastante grande
de aglomerados de galáxias, para entender como é a distribuição deles", disse à Folha o
coordenador do grupo brasileiro no DES, Luiz Nicolaci da
Costa, do Observatório Nacional. "Isso permite criar vínculos [entre os dados] e medir a
natureza da energia escura."
Para cumprir seu objetivo, o
DES criará um grande volume
de dados sobre distribuição de
galáxias, aglomerados de galáxias, supernovas (explosões estelares) e matéria escura (que
não emite radiação). Tudo isso
será observado em diversas
freqüências de luz, o que permite medir precisamente com
que velocidade essas estruturas se afastam entre si.
Especulação einsteiniana
Uma das teorias para explicar a energia escura surgiu de
uma idéia de Einstein, a de que
o vácuo seria permeado por
uma espécie de força que se
contrapõe à gravidade. Para saber se isso está correto ou se a
energia escura é algum outro tipo de entidade, será preciso
medir a expansão do Universo
ao longo do espaço de maneira
mais precisa. É isso que o DES
pretende fazer, por exemplo,
para saber se a densidade dessa
energia varia no espaço.
Supercâmera
Para tirar fotos ultradetalhadas de porções grandes do céu,
o consórcio, liderado pelos
EUA construirá um mosaico de
65 grandes CCDs. Trata-se de
captadores eletrônicos parecidos com o das câmeras digitais
domésticas, mas bem mais potentes: no DES são 500 megapixels, contra 5 da sua máquina.
O Brasil bancou 1% do orçamento inicial de US$ 30 milhões do projeto e mobilizará
uma equipe de dez pesquisadores para fazer softwares que
vão gerenciar, processar, e armazenar os dados do DES.
As observações vão começar
em 2010 e devem durar cinco
anos. O levantamento vai consumir apenas 30% do tempo
útil do telescópio e das CCDs,
que poderão ser usadas para
outros projetos.
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