São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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TECNOLOGIA

Pesquisa liderada por vencedor do Nobel cria "canhão" de átomos organizados que dispara indefinidamente

Equipe consegue abastecer laser atômico

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O sonho de construir um laser atômico -um equipamento capaz de emitir um feixe coordenado de átomos em lugar de partículas de luz- está mais próximo. Pesquisadores nos EUA conseguiram um meio de alimentar um sistema desses indefinidamente, no mais recente desdobramento da pesquisa que foi agraciada com o Nobel de Física no ano passado.
Wolfgang Ketterle, um alemão trabalhando no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), liderou o grupo que descobriu como manter esse canhão de átomos em operação perpétua. Os resultados foram publicados on-line ontem na revista "Science" (www.sciencexpress.org).
Ketterle foi um dos três vencedores do Nobel de Física em 2001. Os outros dois, Eric Cornell e Carl Wieman, mantêm um grupo concorrente na Universidade do Colorado em Boulder (EUA). Os três ganharam o prêmio por seus resultados pioneiros na criação de um estado da matéria previsto pelo físico Albert Einstein em 1924 -o condensado Bose-Einstein.
Nessa condição, os átomos são resfriados e compactados, passando a se organizar "coerentemente", ou seja, ter todos as mesmas características. Ketterle, no MIT, e a dupla Cornell e Wieman, em Boulder, conseguiram criar um condesado em 1995.
Dois anos depois, Ketterle desenvolveu o primeiro laser atômico, usando os átomos do condensado Bose-Einstein como fonte das partículas a serem disparadas. Faltava um meio de seguir alimentando a gaiola magnética que mantinha o condensado no lugar, para que sempre houvesse átomos para novos disparos.
Ketterle diz que seus rivais (no bom sentido) em Boulder ainda não têm nada parecido. "Nossa fonte contínua é singular", afirma. Apesar disso, ainda há muito a ser feito. "Isso ainda é pesquisa fundamental, não aplicada."
Mesmo assim, vale a pena seguir em frente. Lasers atômicos podem ser úteis futuramente em promissoras fronteiras da ciência, como nanotecnologia e computação, usando átomos como processadores de informação. Num campo mais imediato, esses feixes podem servir em medidores de precisão, como relógios atômicos.



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