São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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Seca no AM revela gravuras milenares

Nível da água na área do encontro entre Negro e Solimões trouxe à tona imagens que podem ter 5.000 anos

Achado indicaria que a região foi ocupada de modo contínuo desde esse período, afirma arqueólogo da USP

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

A seca recorde na bacia central do Amazonas permitiu a descoberta de gravuras rupestres de rostos, feitas em baixo relevo, em rochas que estavam submersas,
O conjunto de rochas fica na margem esquerda do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, em Manaus.
Arqueólogos e geólogos dizem que as gravuras podem ter sido feitas há 5.000 anos por populações indígenas que habitavam a região.
Seis pescadores descobriram as gravuras em 25 de outubro, segundo o engenheiro florestal Akira Tanaka, subgerente do Cepeam (Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas).
Um dia antes, o Negro havia atingido o nível de 13,63 m, o mais baixo desde 1902.
"São mais de dez carinhas desenhadas nas pedras", disse o engenheiro, que fotografou as gravuras.
Eduardo Góes Neves, arqueólogo da USP que desde os anos 1990 faz pesquisas na Amazônia, analisou as fotos. "Não sabemos o significado das "caretas". Mas suspeitamos que tenham sido feitas numa época em que chovia menos na Amazônia", disse Neves.
Já existe um sítio arqueológico na área. Em 2001, Neves retirou de lá uma urna funerária de 1.200 anos -até então, o artefato mais antigo no encontro das águas.
A comprovação de que as gravuras são mais antigas do que a urna funerária atestaria que existiu uma ocupação contínua naquela região.
De acordo com Neves, gravuras de "caretas" também foram achadas em rochas que ficam submersas nas margens dos rios Urubu (AM) e Trombetas (PA), mas os desenhos têm padrão diferente dos encontrados em Manaus.
O arqueólogo defende que seja feito um estudo subaquático sobre as obras.


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