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Para UE, acordo do clima entra na fase mais difícil
Próximos dois anos serão de "demandas tremendas", diz diplomata europeu
Resultado da reunião de Bali
coloca a eleição presidencial
dos Estados Unidos, em
2008, no centro do debate
sobre mudança climática
DA REPORTAGEM LOCAL
Após ser vaiada na plenária
final da Conferência de Bali na
madrugada de anteontem, ouvir frases duras, e finalmente
aceitar o consenso, Paula Dobriansky, chefe da delegação
dos Estados Unidos, deu início,
mesmo que simbolicamente, a
fase mais dura do processo.
"Nós teremos dois anos com
demandas tremendas, que vão
começar logo em janeiro", afirmou Humberto Rosa, chefe da
delegação da União Européia,
logo após os norte-americanos
terem protagonizado uma virada de 180 em sua posição.
O Mapa do Caminho que saiu
da Indonésia, acordado por 190
nações, não definiu metas de
redução de emissões de gases
que contribuem para o efeito-estufa, porém estabeleceu a data que um acordo realmente
efetivo terá que ficar pronto:
dezembro de 2009, na reunião
que será feita na Dinamarca.
Os negociadores deixaram
Bali falando em um evento histórico e prometendo ações urgentes de combate ao aquecimento global, fenômeno que
poderá trazer mais enchentes,
secas, tempestades e ondas de
calor para o mundo.
Os holofotes agora já estão
virados para Gana, onde no início do ano, provavelmente em
março, haverá uma primeira
reunião de trabalho dos negociadores do clima dentro do
âmbito da ONU (Organização
das Nações Unidas). "Se ocorrer uma mudança maior na política de governo americana,
poderemos esperar uma grande aceleração na execução dos
acordos feitos em Bali", disse
Rachmat Witoelar, ministro de
Ambiente da Indonésia.
Para os ambientalistas que
acompanharam as intermináveis reuniões em Bali, a eleição
presidencial nos Estados Unidos, no final de 2008, ficou
mais importante ainda.
Casa Branca
"Na eleição [dos EUA], a mudança climática ocupará provavelmente um lugar relevante
no debate, com a vantagem de
que os cidadãos têm um conhecimento maior sobre o tema e
mais responsabilidade também
sobre o aquecimento [da Terra]", disse o ambientalista Pablo Cotarelo, da ONG Ecologistas em Ação, da Espanha.
Catástrofes climáticas como
o furacão Katrina em 2005, os
gigantescos incêndios florestais na Califórnia e as fortes secas no meio-oeste dos Estados
Unidos contribuíram para a
maior sensibilização dos norte-americanos, segundo vários
ambientalistas.
"Estes desastres mostram a
dor de ser vítima do aquecimento", disse o brasileiro Marcelo Furtado, da ONG Greenpeace. "Porém, isso vai atingir
mais às populações dos países
em desenvolvimento."
A questão agora também passa a ser de tempo. O novo presidente dos Estados Unidos só
assume seu posto no final de janeiro de 2009, o que significa
que ele terá menos de um ano
para a reunião na Dinamarca.
"Devemos avançar independentemente das ações da atual
administração do presidente
Bush", afirma Cotarelo.
Muro de Berlim
Para o secretário-geral da
Convenção do Clima, o holandês Yvo de Boer, Bali derrubou
ainda o "Muro de Berlim" -
existente no âmbito das discussões de Kyoto - que separava
os países ricos dos pobres.
"Não há obrigações só para os
ricos. No futuro, todos terão
que tomar parte [no corte de
emissões]", disse De Boer.
Com agência internacionais
Leia mais em "Bali, 40 Graus" http://bali40graus.folha.blog.uol.com.br
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