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ARQUEOLOGIA
Vestígios são de dois povoados
Cultura marítima do Peru tem 13 mil anos
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
Achados em dois sítios arqueológicos no sul do Peru indicam a
presença na região das mais antigas sociedades "marítimas" do
continente, isto é, nas quais a população utiliza primordialmente
recursos do mar, como moluscos,
peixes e mamíferos marinhos.
Os dois sítios são Quebrada Jaguay, escavado pela equipe de Daniel Sandweiss, da Universidade
do Maine, e Quebrada Tacahuay,
estudado pela equipe de David
Keefer, do Serviço Geológico dos
EUA, em Menlo Park, Califórnia.
Em Quebrada Jaguay, a datação
indicou que o sítio já era habitado
há 13 mil anos. O sítio mais antigo
desse tipo antes registrado (datado
em cerca de 12,5 mil anos) está localizado a apenas 20 km de Quebrada Tacahuay.
Quebrada Jaguay fica a 240 km
ao norte de Tacahuay. "Não conheço nenhuma sociedade marítima na costa atlântica que seja tão
antiga", afirmou Keefer à Folha.
Mas, mais importante que a idade,
é o tipo de achado e as conclusões
que podem ser feitas a partir deles.
Foram achados restos de aves
marinhas, de pequenos peixes cuja
pesca exigiria uso de redes, de conchas de moluscos, ferramentas e
alicerces de uma habitação.
Em geral, pensava-se que os antigos habitantes da América viviam
apenas da caça de grandes animais. Hoje já se sabe que as sociedades eram mais complexas, incluindo uma grande participação
feminina, notadamente no desenvolvimento da agricultura.
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