São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011 |
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"Suor" da cana ajuda a resfriar o clima, diz pesquisa Estudo diz que canaviais transpiram muita água e refletem bem a luz do sol, reduzindo temperatura local Benefícios, porém, não substituem a existência de mata nativa; ganho é em comparação a pasto e a plantações de soja GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO A produção de etanol e outros biocombustíveis já não é a única forma de usar a cana-de-açúcar para combater o aquecimento. Cientistas dos Estados Unidos acabam de descobrir uma espécie de "efeito colateral" dessas plantações que ajudaria a resfriar a região onde as culturas se localizam. Isso aconteceria pela ação conjunta de dois fatores. Os canaviais conseguem refletir com sucesso uma boa parcela da luz solar, o que já ajuda a não acumular calor. Esse efeito é potencializado por uma espécie de "suor" da planta, que transpira alta quantidade de água retirada do solo de volta ao ambiente, resfriando o ar. FLORESTA Tudo isso não significa, porém, que se deva sair por aí derrubando árvores e florestas e colocando um monte de cana-de-açúcar no lugar. Os autores da pesquisa, publicada na última edição da revista "Nature Climate Change", alertam que a cana não substitui a boa e velha mata nativa. Os resultados são benéficos quando comparados a regiões já desmatadas, especialmente para formação de pasto e plantação de soja. "Em ambientes onde a segurança alimentar não esteja ameaçada, a conversão de lavouras e pastos em canaviais leva a um significativo esfriamento local, enquanto a substituição da vegetação nativa pela plantação de cana provoca um aquecimento local", diz o trabalho, chefiado por Scott Loarie, da Universidade de Stanford. BRASIL Embora não haja nenhum brasileiro no grupo, o trabalho foi feito com análise de dados colhidos no cerrado do país -que é a maior área de savana da América do Sul. Os cientistas avaliaram centenas de imagens de satélite de quase 2 milhões de quilômetros quadrados ""o suficiente para mapear todo o centro-oeste. Eles também compararam dados como temperatura, taxa de evaporação e de reflexão da luz solar. Em média, o desmatamento para criação de gado e plantação de soja aumentou em 1,55ºC a temperatura normal do entorno. Quando essas culturas foram substituídas pela cana, a temperatura voltou a cair em média 0,93ºC. Para o professor da USP de Piracicaba Edgar Beauclair, da área de planejamento da produção e cultivo da cana-de-açúcar, a pesquisa dos americanos demonstra que, quando bem planejada, essa cultura pode ser benéfica para o ambiente. "Se bem conduzida, a produção de cana pode ser bastante sustentável. Ela pode ser uma boa solução para a manutenção da necessidade de produção de energia em harmonia com o ambiente. Nós temos tecnologia para isso", afirmou. Segundo Beauclair, no entanto, é preciso maior investimento em pesquisa no Brasil, que é hoje o maior produtor de cana-de-açúcar em todo o mundo. "O fato de não ter nenhum brasileiro envolvido nesse trabalho já evidencia como está difícil conseguir financiamento para estudos na área de cana-de-açúcar e bioenergia. Para avançarmos, isso tem que mudar", disse. Próximo Texto: Foco: Congresso dos EUA tira lobo-cinzento de risco de extinção Índice | Comunicar Erros |
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