São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011

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Novo composto pode levar a droga contra esclerose múltipla

Em ratos, cientistas bloquearam uma célula ligada à moléstia

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Cientistas da Flórida, EUA, desenvolveram um novo composto sintético capaz de bloquear, em ratos, a ação de uma célula específica ligada à esclerose múltipla.
A novidade pode levar, no futuro, a uma terapia eficaz para a esclerose.
O estudo também pode auxiliar o desenvolvimento de drogas para outras doenças igualmente autoimunes (causadas pela ação do sistema imunológico contra células ou tecidos saudáveis).
Hoje, os tratamentos utilizados para amenizar os sintomas da esclerose múltipla, que é uma doença neurológica crônica, suprimem todo o mecanismo natural de defesa do corpo.
Isso deixa os portadores vulneráveis aos efeitos colaterais do tratamento, a contaminações e ao desenvolvimento de outras doenças.

RECEPTORES
O novo composto desenvolvido pelos cientistas, batizado de SR1001, age em um tipo específico de células, as "TH17", que desempenham um papel importante na autoimunidade.
"É uma droga que funciona bem em modelos animais, com a vantagem de ter poucos efeitos colaterais", definiu Tom Burris, pesquisador do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida, e coordenador do trabalho.
Burris e seus colegas estavam trabalhando na investigação de moléculas de compostos que agem especialmente nos receptores relacionados à esclerose.
Esses receptores são estruturas que ligam outras moléculas, provocando algum efeito na célula.
Recentemente, cientistas sinalizaram que as células TH17 produzem moléculas que podem induzir inflamação _uma das principais característica de todas as doenças autoimunes.
O que os pesquisadores da Flórida perceberam é que, ao eliminar os sinais celulares da TH17, os principais sintomas da esclerose múltipla também são eliminados.
Foi isso o que aconteceu em testes realizados em modelos animais.
Além disso, o composto, de ingestão oral, age sem afetar outros tipos de células do mesmo "grupo" da TH17.
Em outras palavras: não há impactos metabólicos significativos, como no caso de outras drogas já testadas para esclerose múltipla. O estudo foi publicado na edição online da revista científica "Nature".

INTERESSE COMERCIAL
De acordo com Burris, duas empresas farmacêuticas e de biotecnologia estão interessadas em continuar as pesquisas para, futuramente, desenvolver a droga.
O medicamento, no entanto, ainda deve passar por testes em humanos antes de ser levada ao mercado. Isso pode levar anos ou décadas. Além da esclerose, o estudo das células TH17 pode levar a pesquisas para desenvolvimento de drogas para outras doenças autoimunes, como artrite e lúpus.
Hoje, estima-se que 30 mil pessoas sofram de esclerose múltipla no Brasil. A doença afeta principalmente adultos.


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