São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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Aquecimento leva animais e plantas a fugir rumo ao frio

Espécies estão se movimentando rumo a áreas mais distantes do Equador e mais elevadas, confirma estudo

Ritmo da mudança é de duas a três vezes maior do que o estimado antes e depende também do calor em cada região

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE

Não é uma fuga alucinada, ao menos do ponto de vista humano, mas o fato é que animais e plantas estão tentando se proteger do aumento das temperaturas globais subindo montanhas e se distanciando do Equador.
Em média, a coisa ainda está acontecendo a passo de tartaruga: a cada década, as espécies se mudam para altitudes 11 m maiores e rumam em direção aos polos mais 16,9 km, afirma pesquisa da Universidade de York (Reino Unido) na revista "Science".
Pode parecer pouco, mas é um ritmo entre duas e três vezes maior de "retirada rumo ao frio" do que o verificado por pesquisas anteriores.
Além disso, o estudo coordenado por Chris Thomas e I-Ching Chen também é o primeiro a verificar que a fuga tem correlação com o nível de aumento da temperatura na região habitada pelos animais e plantas em retirada.
Ou seja: quanto mais uma região do globo esquentava, mais longe (ou mais alto) as espécies afetadas fugiam, já que tanto a proximidade dos polos quanto as altitudes mais elevadas ajudariam os animais e plantas a encontrar climas mais frescos.
A conclusão veio depois que a equipe estudou dados disponíveis na literatura científica sobre 764 espécies.
Entre as mais fujonas estão as libélulas britânicas, que recuaram 104 km rumo ao norte por década, e as borboletas da Espanha, que estão subindo encostas de montanhas a uma taxa de 108,6 metros a cada dez anos.
No geral, escrevem os pesquisadores, cerca de três quartos das espécies estudadas mostraram algum movimento rumo a áreas mais altas e mais frias, embora também haja casos de plantas e animais indo na direção oposta, ou "estacionados".
Uma limitação do estudo é que ele levou em conta principalmente criaturas que vivem em regiões temperadas. Apenas áreas da Malásia e de Madagáscar representam as regiões tropicais do globo.
Por isso mesmo, os pesquisadores admitem que mais estudos serão necessários para entender o que a mudança forçada significará para o destino das espécies.


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