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Índios cuicuros
são co-autores
de pesquisa
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Caso os nomes Afukaká
Kuikuro e Tabata Kuikuro
sejam procurados na Plataforma Lattes (lattes.cnpq.br) -onde está a maior base de currículos científicos
do Brasil-, não serão encontrados. Nem lá, nem em
nenhum outro banco de dados semelhante do planeta.
Eles não têm doutorado,
nem mesmo estudo formal.
No entanto, os dois índios
cuicuros assinam um artigo
para uma revista na qual dez
entre dez pesquisadores do
mundo gostariam de publicar seus estudos. Eles são
chefes da tribo cuicuro, da
região sul do Parque Indígena do Xingu (PIX), formado
por uma dúzia de aldeias e
dez grupos distintos.
Heckenberger, Fausto e a
linguista Bruna Franchetto
(outra autora do estudo) dizem que a presença dos chefes na lista de autores é mais
do que simples reconhecimento do saber nativo. "Sem
eles, não seria possível fazer
o trabalho e escrever o artigo", resume Heckenberger.
"Não é paternalismo tolo",
afirma. "Foi Tabata, por
exemplo, quem acompanhou o mapeamento das estradas que interligavam os
sítios e se tornou um mestre
em achá-las", diz Fausto.
Segundo Franchetto, os
dois chefes cuicuros estão
entusiasmados com a pesquisa. "Eles estão vendo
aflorar um conhecimento
sobre a tradição deles."
A pesquisa reúne a Universidade da Flórida, o Instituto
Max Planck (Alemanha), o
Museu Nacional, o Museu
Paraense Emílio Goeldi e a
Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (Aikax).
Tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
(CNPq).
(CLV)
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