São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2005

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OUTRO LADO

Prefeitura não tem dinheiro e critica empresa

DA SUCURSAL DO RIO

Responsável pela criação do Parque Paleontológico, a Prefeitura de Itaboraí informou que não investe no local por dificuldades financeiras. "Não temos recursos", afirmou à Folha o subsecretário municipal de Meio Ambiente do município, Heleno de Jesus.
Segundo ele, o município é "muito pobre". Com uma população de cerca de 214 mil habitantes, Itaboraí têm 90% das ruas sem pavimentação, apenas 20% da população tem esgoto canalizado e só quase a metade possui água encanada.
De acordo com Jesus, a arrecadação do município em ICMS e ISS é pequena. A população triplicou nos últimos 30 anos e a industrialização não acompanhou esse crescimento explosivo - a principal atividade é a cerâmica. Cerca de 50% da população está desempregada, de acordo com Jesus.
Para o subsecretário, a Cimento Mauá deveria ser responsabilizada pelos problemas ambientais e de infra-estrutura que estão atormentando o parque paleontológico. "Ela explorou a riqueza do local, faturou o que tinha de faturar, deixou um buraco e foi embora. Pessoas ficaram sem emprego e a cidade permaneceu pobre", afirmou Jesus.
A situação é comum em outras áreas do mundo nas quais a mineração foi atividade econômica de larga escala durante muito tempo e agora está desaparecendo, como o Estado de Montana (Estados Unidos). Há uma briga constante entre governos e empresas para que estas assumam responsabilidades por seu impacto.

Empresa
A Lafarge informou à Folha que, após o fim da atividade mineradora, desenvolveu diversas ações de recuperação ambiental. Na cava da mina exaurida, por exemplo, a empresa optou por uma das técnicas mais usadas no mundo e transformou a mesma em lago de água doce.
A mineradora informou ter zelado pela integridade do terreno até 1990. A medida, segundo a empresa, garantiu não só que o processo de revegetação se estabelecesse de forma definitiva, mas também permitiu a preservação das características ambientais da área, possibilitando sua transformação em parque paleontológico.
A firma ressaltou ainda que, desde 1990, não tem mais posse do terreno. Com isso, não pode ser responsabilizada, direta ou indiretamente, pelo abandono da área ou por supostas contaminações do local.
Segundo a Lafarge, se ocorreram novas contaminações, aconteceram após sua saída, há mais de 15 anos. (MHM)


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