|
Texto Anterior | Índice
Plantio de transgênicos cresce 44%
MARCELO LEITE
especial para a Folha
O fosso que separa a opinião
pública dos agricultores, na questão dos alimentos transgênicos,
só faz aumentar. Enquanto aquela
continua dando sinais de desconfiança em relação à tecnologia, estes parecem mais e mais satisfeitos com ela, ampliando a área
plantada em 44% em 1999.
No ano anterior, quando a polêmica chegou ao Brasil, havia no
mundo 27,8 milhões de hectares
plantados com organismos geneticamente modificados (OGMs).
Em 1999, a área alcançou um total
de 39,9 milhões de hectares, movimentando US$ 2 bilhões.
Os dados são do Serviço Internacional para a Aquisição de
Aplicações de Agrobiotecnologia
(Isaaa), uma organização financiada em parte por indústrias de
biotecnologia. No Brasil, por
exemplo, esses dados foram divulgados pela Monsanto, que tenta obter no país aprovação para a
variedade transgênica de soja
Roundup Ready.
Trata-se de uma soja resistente
ao herbicida Roundup, da própria Monsanto. Transferido para
a planta um gene bacteriano, ela
se tornou imune ao glifosato
(princípio ativo do Roundup).
Pulverizada a plantação, mesmo depois de brotada a soja, morrem só as ervas daninhas, o que
simplifica a vida dos produtores.
Não é à toa que agricultores estão
aderindo depressa ao produto,
nos países em que foi permitido.
Nos Estados Unidos, maior
produtor mundial de soja, as variedades transgênicas já representam 55% da área plantada. Na Argentina, respondem por 80%.
São 12 as nações em que os alimentos transgênicos estão aprovados para plantio em escala comercial. Mas 99% da área plantada com OGMs está concentrada
em três países, EUA, Argentina e
Canadá.
No Brasil, a questão ainda se encontra "sub judice". A Monsanto
obteve em 1998 licença da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para comercializar a Roundup Ready, mas
essa autorização foi questionada
na Justiça.
Alegando riscos para a saúde
humana e para o ambiente, organizações como a ambientalista
Greenpeace e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(Idec) iniciaram uma ação contra
a soja. Já obtiveram sentenças favoráveis, determinando a realização de um relatório de impacto
ambiental, mas não há ainda decisão definitiva.
No campo científico, prossegue
também o debate. Não foram ainda documentados efeitos danosos
à saúde, como alergias. Como esses alimentos são vendidos nos
EUA sem rotulagem, não haveria
como saber se eventuais danos foram ou não causados por eles.
Mais recentemente, tem crescido a preocupação com possíveis
efeitos ambientais. Outra linha de
produtos muito popular são variedades resistentes a insetos, porém algumas pesquisas indicam
que podem provocar a morte de
insetos benéficos, além de pragas.
Texto Anterior: Eclipse da Lua será nesta madrugada Índice
|