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MEDICINA
Teste genético criado pela Unifesp usa amostra de sangue para identificar problemas após o transplante
Exame detecta a rejeição de órgãos
GABRIELA SCHEINBERG
da Reportagem Local
Um novo exame, desenvolvido
pela Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), pode identificar,
a partir de uma pequena amostra
de sangue, o processo de rejeição
em uma pessoa que se submeteu a
transplante de rim.
Hoje, a única forma de avaliar se
um paciente está sofrendo rejeição é por meio de biopsias, na
qual uma parte do tecido do rim é
retirado para análise.
"Em 5% dos casos, a biopsia pode causar complicações, além de
ser um desconforto para o paciente", disse Alvaro Pacheco e
Silva Filho, coordenador do Laboratório de Imunologia Molecular e professor de Nefrologia da
Unifesp. Por isso, esse novo exame poderá facilitar a vida das pessoas que receberam um rim.
Para criar o teste, que ainda está
em fase experimental, primeiro
foi preciso localizar genes que estão relacionados à rejeição. Lauro
Monteiro Vasconcellos Filho, que
defendeu a técnica como sua tese
de doutorado, em conjunto com
laboratórios da Universidade
Harvard, nos EUA, identificou esses genes.
No total, são três genes hoje
identificados como sendo participantes do processo de rejeição do
rim. Com uma pequena amostra
de sangue, é possível procurar esses genes e identificar o processo
de rejeição.
"Se o paciente tiver os três genes, o risco de rejeição é de 100%",
disse Silva Filho, que orientou a
tese de Vasconcellos Filho. "E o
exame demora apenas seis horas
para ficar pronto."
Monitoramento
O acompanhamento do paciente que recebeu o rim é muito importante. Cerca de 35% dos transplantados apresentam problemas
de rejeição. Isso ocorre porque o
rim do doador possui várias proteínas estranhas que o corpo do
receptor não reconhece.
Para se proteger, o organismo
inicia um processo contra essas
proteínas, ou seja, contra o próprio órgão que foi transplantado.
Para evitar esse ataque, o paciente
precisa tomar drogas imunossupressoras.
Essas drogas, como o próprio
nome diz, debilitam o sistema de
defesa do organismo. Por isso, é
importante manter as doses das
drogas em níveis adequados.
"Essa técnica facilita a detecção
da rejeição ainda em fase inicial,
de forma que as doses das drogas
possam ser aumentadas para evitar o problema", afirmou Silva Filho.
Fase inicial
Como o tratamento ainda está
em fase inicial, ele recomenda que
esse teste seja usado apenas para a
triagem dos pacientes.
"Caso o exame for positivo, o
paciente é encaminhado para a
biopsia", disse o pesquisador.
No entanto, Silva Filho disse estar certo de que, no futuro, médicos terão uma confiança maior
nesse exame, permitindo que ele
assuma o papel da biopsia em pacientes que fazem acompanhamento após o transplante de rim.
"Em alguns anos, esse exame
deverá fazer parte da rotina dos
médicos que cuidam de pacientes
transplantados", disse Silva Filho.
A Unifesp continua a estudar o
assunto. Os pesquisadores do Laboratório de Imunologia Molecular estão procurando outros genes
que participam do processo de rejeição na tentativa de aperfeiçoar
essa técnica.
Silva Filho também indicou que
é possível que esse exame seja realizado com amostras de urina.
Dessa forma, disse ele, será possível eliminar totalmente procedimentos invasivos em pacientes
transplantados.
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