São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008 |
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Hubble detecta molécula orgânica em planeta fora do Sistema Solar Descoberta de metano é novo passo na busca de vida ao redor de outras estrelas
CLIVE COOKSON DO "FINANCIAL TIMES" Uma molécula orgânica foi detectada pela primeira vez na atmosfera de um planeta fora do Sistema Solar. Astrônomos dizem que a descoberta, publicada hoje na revista científica "Nature", é um passo importante na direção de identificar, um dia, sinais de vida em um planeta que orbite uma outra estrela. Uma equipe de astrônomos dos EUA e do Reino Unido, utilizando o Telescópio Espacial Hubble, encontrou a assinatura espectroscópia das moléculas de metano (a forma peculiar como a luz é absorvida e emitida por essas moléculas) na atmosfera de um planeta a 63 anos-luz de distância da Terra (um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, viajando a 300 mil quilômetros por segundo), na constelação de Vulpecula ("Raposinha"). O planeta, chamado HD 189733b, tem mais ou menos o tamanho de Júpiter, mas está próximo demais de sua estrela para possuir vida: a temperatura em sua superfície é estimada em cerca de 1.000C. Sem vacas "Para esse planeta específico, o metano não pode ser produzido biologicamente", disse Giovanna Tinetti, do University College de Londres, co-autora do estudo. "É altamente improvável que vacas possam sobreviver por lá", brincou. "Nós não encontramos vida em um outro planeta ainda, mas este é um passo empolgante no sentido de mostrar que nós somos capazes de detectar essas moléculas onde elas estiverem presentes no Universo." O metano é a molécula orgânica mais simples. Possui apenas um átomo de carbono, cercado por quatro de hidrogênio. Nas circunstâncias certas, o metano pode ter um papel fundamental na chamada química prebiótica -o conjunto de reações consideradas necessárias para o surgimento da vida. Embora o metano já tenha sido detectado na maioria dos planetas do Sistema Solar (especula-se que a lua Titã, de Saturno, tenha lagos ou até mesmo mares de metano), esta é a primeira vez que ele é visto em um dos 270 planetas extra-solares descobertos até hoje. O achado, segundo os cientistas, demonstra o princípio de que moléculas orgânicas podem ser detectadas em planetas extra-solares por meio da espectroscopia, que decompõe a luz em suas várias cores para revelar as "assinaturas" de vários elementos químicos. Texto Anterior: Experimento dá pista sobre o sumiço da antimatéria Próximo Texto: Efeito estufa: Gelo perene do Ártico derrete rápido, diz Nasa Índice |
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