São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2000


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FÍSICA
Em experimento realizado nos EUA com feixe luminoso e uma câmara de césio, raio chegou antes mesmo de ter saído
Cientistas aumentam velocidade da luz

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em um exótico experimento de laboratório, pesquisadores nos Estados Unidos conseguiram fazer com que um feixe luminoso não apenas viajasse muito mais rápido que a velocidade da luz, como também que ele parecesse chegar ao seu destino final antes mesmo de ter entrado.
A luz tem uma velocidade de 300 mil quilômetros por segundo. Os pesquisadores conseguiram aumentar essa velocidade em 300 vezes. O pulso de luz pareceu sair da câmara repleta de gás césio onde se fez a experiência exatos 62 bilionésimos de segundo antes de entrar nela.
Os resultados do experimento violam não só o senso comum, mas também parecem ir contra uma das bases da física moderna, a teoria da relatividade de Albert Einstein. Mas os autores garantem que, apesar do resultado, a física não foi abalada.
"A teoria da relatividade especial de Einstein e o princípio da causalidade implicam que a velocidade de qualquer objeto em movimento não pode exceder a velocidade da luz no vácuo", dizem os autores do estudo, Lijun Wang e dois colegas do Instituto de Pesquisa da NEC, em Princeton, Nova Jersey. O estudo está publicado na revista científica "Nature" de hoje.
Einstein propôs em 1905 a chamada teoria da relatividade restrita (ou especial), segundo a qual, se dois sistemas se movem de modo uniforme em relação um ao outro, é impossível determinar algo sobre seu movimento, a não ser que ele é relativo.
O motivo é o fato de a velocidade da luz no vácuo ser constante, sem depender da velocidade de sua fonte ou de quem observa.
Para a relatividade restrita, um relógio em movimento parece andar mais devagar do que um relógio estacionário, para um observador parado.
A física moderna também estabelece que a luz pode ser entendida de duas maneiras. A radiação é emitida na forma de partículas chamadas fótons, mas também tem propriedades ondulatórias. A teoria da causalidade está mais próxima do senso comum: as causas devem sempre preceder seus efeitos.
A explicação para o experimento de Wang estaria nas características das ondas luminosas. Um pulso de luz é constituído de um conjunto de ondas com frequências diferentes; todas elas juntas têm uma "velocidade de grupo".
Ao passar por qualquer material -o ar, a água-, essas ondas luminosas têm uma velocidade de grupo menor do que se estivessem no vácuo.
Para fazer o pulso de luz viajar mais rápido é preciso criar um meio de propagação -como uma câmara com gás césio resfriado- capaz de amplificar frequências das ondas por meio de interações com os átomos.
Mas, apesar de conseguir um fenômeno exótico, o experimento não quer dizer que se possa um dia criar alguma máquina capaz de viajar mais rápido que a luz.
O feixe luminoso rapidinho é incapaz de transmitir algum tipo de informação, afirmam os pesquisadores.



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