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CIÊNCIA
Terapia reduz morte por insuficiência cardíaca
DANIELA SANDLER
da Reportagem Local
Um medicamento "redescoberto" pode reduzir em 30% a mortalidade de portadores de insuficiência cardíaca, se adicionado a
uma combinação de três drogas
comumente usadas para tratá-la.
O número, obtido por um estudo internacional que contou com
a colaboração de instituições brasileiras, foi considerado tão importante que sua publicação, programada para setembro, foi
adiantada.
Considerando as "implicações
clínicas potenciais" do estudo, a
revista norte-americana "The
New England Journal of Medicine" divulgou-o ontem, em seu site (http:// www.nejm.com).
A pesquisa, coordenada por
Bertram Pitt, da Universidade de
Michigan, adicionou doses baixas
de um diurético chamado espironolactona à combinação usual de
drogas contra a insuficiência cardíaca -inibidores da ECA (enzima conversora da angiotensina),
diuréticos potentes e digitálicos.
Além da redução de mortalidade, o risco de internação por problemas cardíacos caiu em 30%.
Os sintomas da insuficiência
também melhoraram, de acordo
com a classificação de sua severidade. Segundo essa escala, a insuficiência cardíaca -a incapacidade de o coração bombear sangue
em volume suficiente para "alimentar" o corpo- varia de 1 a 4.
Participaram do estudo pacientes com insuficiência grave -de
grau 3 ou 4.
O cardiologista Michel Batlouni, diretor do Instituto Dante Pazzanese, um dos colaboradores do
estudo, diz que o Brasil contribuiu com 25% de todos os doentes avaliados. Participaram também Itália, França e Reino Unido,
entre outros países.
Ele explica que o remédio age ao
inibir a ação de um hormônio secretado pelo corpo, a aldosterona.
Ela causa uma deterioração nos
tecidos do músculo cardíaco,
agravando a insuficiência.
"A redução da mortalidade é
surpreendente", diz o cardiologista Francisco Fonseca, da Universidade Federal de São Paulo.
Ele conta que a espironolactona
era usada para tratar problemas
cardíacos, mas havia sido trocada
por drogas mais avançadas.
Segundo Fonseca e Batlouni, os
resultados da pesquisa já podem
começar a ser aplicados.
Fonseca observa que a espironolactona não pode ser usada em
portadores de insuficiência renal.
Além disso, provoca, como efeito
colateral, o aumento das mamas.
Para Pitt, os resultados indicam
que o "melhor padrão de tratamento" da insuficiência cardíaca
deve incluir uma droga como a
espironolactona.
A insuficiência cardíaca tem várias causas, como infarto, inflamação do músculo cardíaco e mal
de Chagas.
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