São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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CIÊNCIA
Terapia reduz morte por insuficiência cardíaca

DANIELA SANDLER
da Reportagem Local

Um medicamento "redescoberto" pode reduzir em 30% a mortalidade de portadores de insuficiência cardíaca, se adicionado a uma combinação de três drogas comumente usadas para tratá-la.
O número, obtido por um estudo internacional que contou com a colaboração de instituições brasileiras, foi considerado tão importante que sua publicação, programada para setembro, foi adiantada.
Considerando as "implicações clínicas potenciais" do estudo, a revista norte-americana "The New England Journal of Medicine" divulgou-o ontem, em seu site (http:// www.nejm.com).
A pesquisa, coordenada por Bertram Pitt, da Universidade de Michigan, adicionou doses baixas de um diurético chamado espironolactona à combinação usual de drogas contra a insuficiência cardíaca -inibidores da ECA (enzima conversora da angiotensina), diuréticos potentes e digitálicos.
Além da redução de mortalidade, o risco de internação por problemas cardíacos caiu em 30%.
Os sintomas da insuficiência também melhoraram, de acordo com a classificação de sua severidade. Segundo essa escala, a insuficiência cardíaca -a incapacidade de o coração bombear sangue em volume suficiente para "alimentar" o corpo- varia de 1 a 4.
Participaram do estudo pacientes com insuficiência grave -de grau 3 ou 4.
O cardiologista Michel Batlouni, diretor do Instituto Dante Pazzanese, um dos colaboradores do estudo, diz que o Brasil contribuiu com 25% de todos os doentes avaliados. Participaram também Itália, França e Reino Unido, entre outros países.
Ele explica que o remédio age ao inibir a ação de um hormônio secretado pelo corpo, a aldosterona. Ela causa uma deterioração nos tecidos do músculo cardíaco, agravando a insuficiência.
"A redução da mortalidade é surpreendente", diz o cardiologista Francisco Fonseca, da Universidade Federal de São Paulo.
Ele conta que a espironolactona era usada para tratar problemas cardíacos, mas havia sido trocada por drogas mais avançadas.
Segundo Fonseca e Batlouni, os resultados da pesquisa já podem começar a ser aplicados.
Fonseca observa que a espironolactona não pode ser usada em portadores de insuficiência renal. Além disso, provoca, como efeito colateral, o aumento das mamas.
Para Pitt, os resultados indicam que o "melhor padrão de tratamento" da insuficiência cardíaca deve incluir uma droga como a espironolactona.
A insuficiência cardíaca tem várias causas, como infarto, inflamação do músculo cardíaco e mal de Chagas.


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