São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Próximo Texto | Índice

Estudo faz anatomia de desastre da BP

Robô nadou em coluna de óleo vazado no golfo do México, revelando mancha submarina antes desconhecida

Com 200 m de altura e 35 km de comprimento, pluma de petróleo é só parte do vazamento que afetou sul dos EUA


GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Um dos maiores receios dos cientistas após o vazamento da plataforma da petroleira BP no golfo do México acaba de se confirmar.
O petróleo jorrado não apenas emporcalhou a superfície do golfo, mas também formou uma imensa mancha submarina, cuja dimensão, até agora, não era conhecida com precisão.
Pesquisadores do Instituto Oceanográfico Woods Hole (EUA) enviaram um veículo submarino e um coletor de amostras para mapear o mar na região do acidente. As conclusões, nada animadoras, saíram na versão online da revista "Science".

NUVEM NEGRA
A mancha não é perceptível da superfície, formando uma espécie de "nuvem negra" sob a água. A massa de petróleo tem pelo menos 35 km de comprimento, 1,9 km de largura e 200 m de altura.
São proporções que, para os cientistas, eliminam a possibilidade de o material não ter vindo do vazamento.
"A mancha é significativa. Nós não esperávamos encontrar algo assim, com a forma tão bem definida", disse à Folha Richard Camilli, pesquisador americano que comandou o estudo.
Camilli e sua equipe vasculharam 235 km de águas. Foram obtidas 57 mil amostras da coluna d'água. Na análise, os pesquisadores consideraram apenas entre 6% e 7% dos hidrocarbonetos BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno), que são apenas a uma pequena fração de todo petróleo liberado. O estudo se centrou primeiro nessas substâncias porque elas são mais fáceis de analisar quimicamente.
Por isso mesmo, ainda não é possível avaliar seguramente os impactos da mancha submersa.
O material coletado mostrou, porém, que as bactérias submarinas não estão degradando os poluentes na velocidade que os pesquisadores esperavam. Em alguns casos, não há sequer indícios de que isso esteja acontecendo.
Para Benjamin Van Mooy, que também participou da pesquisa, isso significa que a mancha de óleo pode "persistir e até se espalhar" por algum tempo. Na última avaliação, a coluna se deslocava 6,5 km por dia. Os cientistas dizem não saber ainda se o ritmo se intensificou -ou se a mancha estacionou.


Próximo Texto: Plástico desaparecido também é problema no Atlântico Norte
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.