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Estudo faz anatomia de desastre da BP
Robô nadou em coluna de óleo vazado no golfo do México, revelando mancha submarina antes desconhecida
Com 200 m de altura e
35 km de comprimento,
pluma de petróleo é só
parte do vazamento
que afetou sul dos EUA
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
Um dos maiores receios
dos cientistas após o vazamento da plataforma da petroleira BP no golfo do México acaba de se confirmar.
O petróleo jorrado não
apenas emporcalhou a superfície do golfo, mas também formou uma imensa
mancha submarina, cuja dimensão, até agora, não era
conhecida com precisão.
Pesquisadores do Instituto
Oceanográfico Woods Hole
(EUA) enviaram um veículo
submarino e um coletor de
amostras para mapear o mar
na região do acidente. As
conclusões, nada animadoras, saíram na versão online
da revista "Science".
NUVEM NEGRA
A mancha não é perceptível da superfície, formando
uma espécie de "nuvem negra" sob a água. A massa de
petróleo tem pelo menos 35
km de comprimento, 1,9 km
de largura e 200 m de altura.
São proporções que, para
os cientistas, eliminam a possibilidade de o material não
ter vindo do vazamento.
"A mancha é significativa.
Nós não esperávamos encontrar algo assim, com a forma
tão bem definida", disse à
Folha Richard Camilli, pesquisador americano que comandou o estudo.
Camilli e sua equipe vasculharam 235 km de águas.
Foram obtidas 57 mil amostras da coluna d'água. Na
análise, os pesquisadores
consideraram apenas entre
6% e 7% dos hidrocarbonetos BTEX (benzeno, tolueno,
etilbenzeno e xileno), que
são apenas a uma pequena
fração de todo petróleo liberado. O estudo se centrou primeiro nessas substâncias
porque elas são mais fáceis
de analisar quimicamente.
Por isso mesmo, ainda não
é possível avaliar seguramente os impactos da mancha submersa.
O material coletado mostrou, porém, que as bactérias
submarinas não estão degradando os poluentes na velocidade que os pesquisadores
esperavam. Em alguns casos,
não há sequer indícios de
que isso esteja acontecendo.
Para Benjamin Van Mooy,
que também participou da
pesquisa, isso significa que a
mancha de óleo pode "persistir e até se espalhar" por
algum tempo. Na última avaliação, a coluna se deslocava
6,5 km por dia. Os cientistas
dizem não saber ainda se o
ritmo se intensificou -ou se
a mancha estacionou.
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