São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Brasil acompanha lançamento por telefone

China não permite filmar base de onde partiu satélite binacional CBERS-2B, na madrugada de ontem

Getty/France Presse
Foguete Longa Marcha decola da base de Taiyuan com satélite


EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Computadores em modo descanso. No telão do Centro de Controle e Rastreio de Satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), imagens vindas da China, mas de um telejornal. Nada a ver com o lançamento do satélite sino-brasileiro.
Por mais paradoxal que possa parecer, o lançamento bem-sucedido do CBERS-2B, terceira espaçonave de observação da Terra do programa binacional, foi seguido no Brasil na madrugada de ontem só pelo telefone.
Antes que alguém pense que o Inpe está atrasado em seus sistemas de telecomunicação, o motivo do DDI é mais prosaico: segurança nacional. Da China.
Os militares chineses impedem que qualquer imagem ao vivo seja feita das suas três bases militares de lançamento - a decolagem foi gravada e as imagens liberadas apenas hora depois do fato. Ao ser questionado sobre isso, o russo-brasileiro Pawel Rozenfeld, chefe do Centro de Controle e Rastreio de Satélites do Inpe, apenas sorri e acena com a cabeça.
Minutos antes do lançamento, a tensão na sala do Inpe é clara. "A razão diz que tudo vai correr bem, mas existe uma ansiedade psicológica", admite Rozenfeld, que acompanha o seu sétimo lançamento.
Na China, na Base de Taiyuan, a 750 km de Pequim, estão ao telefone os emocionados Ricardo Cartaxo e Gilberto Câmara, respectivamente, coordenador-geral do CBERS e diretor do Inpe. Ambos, após o lançamento preciso do foguete chinês Longa Marcha 4B, às 0h26 de Brasília, chegaram a engolir o choro ao telefone.
A seqüência de separação dos três estágios do foguete foi ocorrendo em minutos, tudo como o previsto. Mas, então, chegou o momento decisivo: a abertura dos painéis solares do satélite, aos 12 minutos de vôo, quando ele navega sozinho.
Também ao telefone estava Luiz Antônio Brandão, chefe do grupo de sistemas do CBERS. Enquanto Rozenfeld perguntava a Cartaxo se o satélite já "havia aberto", Brandão deu um pulo na cadeira, como se comemorasse um gol "Abriu!", gritou. Os aplausos vieram logo depois.


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