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Gene é que determina se mosca vai brigar como macho ou fêmea
Estudo feito com drosófilas acrescenta conhecimento à biologia da agressão
DA REPORTAGEM LOCAL
A diferença no comportamento sexual das drosófilas,
quando elas partem para a briga, é regulado por um único gene, que manda informações diferentes para os neurônios do
bicho, mostra estudo publicado
ontem na versão eletrônica da
revista científica "Nature Neuroscience". Tudo vai depender,
no caso dos padrões usados nas
lutas, se quem estiver em ação é
o sistema neurológico de um
macho ou de uma fêmea, que
pode ser até diferente do sexo
do animal em questão.
Um time de pesquisadores
formado por membros da Escola Médica de Harvard, dos
Estados Unidos, e do Instituto
de Patologia Molecular de Viena, na Áustria, descobriu que a
biologia da agressão, no caso
das drosófilas, é totalmente regulada pelo gene "fruitless" (infrutífero, em inglês).
Nos experimentos desenhados pelos pesquisadores, o gene
dos machos foram trocados
com os das fêmeas. Quando colocados para brigar, machos
com o gene feminino apresentaram o comportamento padrão observado nas fêmeas.
Ou seja, eles usaram táticas
não usuais para machos de verdade. O que significa se comportar como um touro bravo na
arena. Apoiar-se nas patas da
frente e inclinar a cabeça em direção ao oponente. Essa prática
foi adotada exatamente pelas
fêmeas, quando os pesquisadores introduziram nelas o gene
encontrado normalmente nos
neurônios dos machos.
Modelo agressivo
Com a descoberta desse modelo animal, explica Edward
Kravitz, um dos autores do trabalho, em comunicado da Escola Médica de Harvard, será
mais fácil entender o comportamento agressivo não apenas
das drosófilas.
"Agressão é um problema
muito sério na sociedade. Ele
tem componentes biológicos e
também genéticos. Nós precisamos entender isso para outros grupos também, não tenho
dúvidas agora de que o modelo
das drosófilas é o melhor para
fazermos isso", disse.
O modelo de agressividade
das drosófilas é apenas parte
das estratégias de pesquisas futuras do grupo. Outras possibilidades que já estão sendo investigadas são estudar o comportamento do sono e também
de como os animais respondem
ao estímulo da dor.
Além das vantagens genéticas encontradas nas moscas, os
pesquisadores garantem que
em muitos dos casos as respostas científicas encontradas nas
pesquisas com as drosófilas são
muito parecidas com as observadas entre os humanos.
Para os autores do estudo, as
descobertas obtidas por eles
agora formam uma ponte bastante rígida entre os estudos
dos sistemas neurológicos do
comportamento e as modernas
pesquisas que também estão
sendo realizadas no campo da
biologia molecular.
Essa não é a primeira vez que
o gene "fruitless" aparece com
destaque em um estudo científico. Ele, que é encontrado exclusivamente no sistema nervoso das moscas, já havia também sido classificado como o
responsável pelo comportamento da corte sexual.
Quando ele é desligado, os
machos ficam totalmente incapazes de chamar a atenção das
fêmeas. No sentido contrário,
quando introduzidos nas moscas do sexo feminino, essas passaram a fazer normalmente o
ritual da corte.
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