São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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Experimento faz pessoa comum virar torturador

Psicólogos reproduziram teste da década de 1960

DA REUTERS

Psicólogos conseguiram reproduzir um experimento clássico dos anos 1960, mostrando que a maioria das pessoas aceita infligir dor em outras quando recebe ordens de alguém em posição de autoridade.
No novo estudo, 70% dos participantes convidados a ajudar um cientista aceitavam aplicar choques num voluntário, que deveria ser punido cada vez que errava uma resposta de uma prova oral. Mesmo quando o homem se contorcia (na verdade era um ator fingindo dor), as pessoas continuavam a aumentar a voltagem da "punição", a pedido do pesquisador.
"Se você colocar as pessoas em certas situações, elas vão agir de maneira perturbadora", diz Jerry Burger, da Universidade de Santa Clara (EUA).
A versão original do experimento, de 1961, foi feita por Stanley Milgram, da Universidade Yale, de Connecticut. Ele verificou que, mesmo depois de ouvir um ator gritar de dor no nível de 150 volts, 82,5% dos participantes continuaram a dar os choques -a maioria até o nível máximo de 450 volts.
Até hoje, ninguém tinha replicado o experimento em razão do trauma sofrido por voluntários que acreditavam estar lesionando as pessoas. Burger, então, decidiu parar em 150 volts no estudo com 29 homens e as 41 mulheres.
Quando soldados foram pegos torturando prisioneiros no Iraque, alguns alegaram que o ato teria sido fruto dessa obediência irrestrita. Burger, porém, nega que esse evento possa ser totalmente explicado com os voluntários de seu teste.
"Não é que haja algo errado com essas pessoas", diz. "A idéia que vem dos anos 1960 é que, de alguma forma, elas têm essa característica de serem mais propensas a obedecer."


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