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CIÊNCIA
Aparelho que separa satélite do veículo lançador funciona em laboratório; vôo deve ser em abril ou maio
Teste aprova foguete e satélite brasileiros
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
O último grande obstáculo a um
lançamento bem sucedido do foguete brasileiro para lançamento
de satélites foi superado ontem.
O dispositivo que faz a separação
do satélite brasileiro SCD-2A do
foguete que o colocará em órbita, o
Veículo Lançador de Satélites
(VLS), foi testado com sucesso ontem no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).
A Agência Espacial Brasileira
(AEB) ainda não tem uma data
prevista para o lançamento, que
deverá ocorrer provavelmente em
abril ou maio próximos.
A maior parte do foguete VLS já
está na base de lançamento de Alcântara, perto de São Luiz, no Maranhão.
O dispositivo testado ontem no
Laboratório de Integração e Testes
(LIT) é simples mas vital. Ele é um
artefato pirotécnico que libera a
cinta que fixa o satélite no ``cone
de interface'' do VLS. Com o acionamento, a cinta se abre, o cone se
desloca graças a molas, e o satélite
é solto no espaço.
Satélite
O teste também checou o funcionamento dos transmissores do satélite, que devem entrar em operação depois da separação do SCD
do foguete que vai lançá-lo.
Os satélites tipo SCD coletam dados meteorológicos de plataformas automáticas espalhadas pelo
país e os transmitem aos usuários.
O primeiro satélite do programa
espacial brasileiro, o SCD-1, foi
lançado em 1993. Teve de ir ao espaço a bordo de um lançador americano Pegasus. E outro satélite da
série, o SCD-2, também vai ter de
viajar de modo semelhante.
A preocupação dos países ricos
em impedir a proliferação de foguetes no Terceiro Mundo que poderiam ser convertidos em mísseis
balísticos de uso militar impediu o
desenvolvimento normal do VLS
brasileiro.
Ainda neste ano o Inpe tentará
colocar em órbita o SCD-2 por um
foguete Pegasus, no segundo semestre. A data precisa de lançamento será definida entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a
empresa Orbital Sciences Corporation, que comercializa o Pegasus.
A data levará em conta a disponibilidade dos centros de lançamento da NASA, a coordenação com
outros lançamentos do foguete e
requisitos de ``janela de lançamento'' do SCD-2.
Apesar do atraso do projeto do
lançamento do foguete brasileiro,
o futuro pode ser favorável ao programa VLS. Existe no mundo, segundo especialistas, uma escassez
de lançadores de pequeno porte, o
que poderá favorecer a comercialização de vôos futuros do foguete
brasileiro.
Também existe uma tendência
na área espacial de se usar satélites
menores, que são mais baratos e
exigem lançadores mais simples.
Há projetos mesmo de utilização
de satélites de comunicação em órbitas baixas.
Programa espacial
A AEB coordena o programa espacial brasileiro e é uma autarquia
subordinada à Presidência da República.
Os satélites SCD foram desenvolvidos pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
O Veículo Lançador de Satélites
foi projetado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) do Centro Técnico Aeroespacial (CTA),
do Ministério da Aeronáutica.
O IAE também é responsável pela implantação da Usina de Propelentes Coronel Abner, onde foram
desenvolvidas resinas líquidas reativas de polibutadieno, as quais,
além das aplicações na área espacial (combustível para foguetes),
podem ser utilizadas para a produção de tintas, adesivos e borrachas.
Essas tecnologias foram transferidas para a Petroflex, para que
pudessem ser desenvolvidas indústrias com capacidade de produção comercial das resinas de polibutadieno.
Colaborou a Reportagem Local
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