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Conflito impede apreensão de madeira ilegal no Pará
Manifestantes pró-madeireiros enfrentaram policiais na cidade de Tailândia
Grupo encurralou fiscais, incendiou carro e barrou a saída de toras confiscadas pelo Ibama; governo diz que não desistirá da operação
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Servidores do Ibama e da Secretaria do Meio Ambiente do
Pará interromperam a operação de fiscalização contra a extração ilegal de madeira que
realizavam na região de Tailândia (218 km de Belém), após
uma série de protestos de madeireiros. Anteontem houve
confronto entre policiais militares e manifestantes.
A suspensão temporária dos
trabalhos ocorreu em razão da
falta de segurança para as equipes de fiscalização que estão na
região, segundo a Secretaria do
Meio Ambiente do Pará.
Durante os protestos, anteontem, uma equipe de fiscais
dos governos federal e estadual
foi impedida pelos manifestantes de sair de uma serraria. Os
servidores só conseguiram deixar o local após a chegada da
Polícia Militar.
Enquanto os fiscais permaneciam no interior da serraria,
um grupo de pessoas tentou invadir o local para tentar atear
fogo ao caminhão que deveria
retirar a madeira ilegal apreendida na empresa.
Em outros pontos da cidade,
policiais militares e moradores
entraram em confronto. Balas
de borracha foram disparadas.
Um carro foi incendiado. Não
houve informações de feridos.
"A tropa de choque foi agredida com pedras e revidou com
munição de borracha", disse o
tenente-coronel Luís Barbosa,
da Polícia Militar do Pará.
Quatro pessoas foram presas
ontem sob suspeita de participação em atos de vandalismo
ocorridos na cidade.
A reportagem não conseguiu
contato com representantes
dos madeireiros ontem.
O Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) do
Pará disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a
operação de fiscalização será
retomada, mas, por medida de
segurança, não haverá anúncio
de quando os fiscais retornarão
à região de Tailândia.
Desde a semana passada, cerca de 13 mil metros cúbicos de
madeira extraída irregularmente foram apreendidos em
fiscalizações no município.
Os madeireiros, com o apoio
de parte da população, fizeram
os protestos para evitar que a
madeira apreendida fosse retirada da cidade pelos fiscais.
A governadora do Pará, Ana
Júlia Carepa (PT), disse anteontem que o governo não irá
retroceder na retirada da madeira de Tailândia. "Pode demorar 15, 40, 60 dias, mas vamos retirar", afirmou.
Segundo ela, que fez críticas a
madeireiros da região, as ações
que o grupo tem promovido
"não irão intimidar" o governo.
"Eu não vou colocar em risco a
vida de ninguém. Não vou deixar que inocentes morram por
irresponsabilidade de pessoas
que estão acostumadas a viver
na ilegalidade."
Após as equipes do Ibama e
da Secretaria do Meio Ambiente deixarem o município na terça-feira, as manifestações contrárias à operação se encerraram. Na tarde de ontem cerca
de 200 policiais militares estavam no município, segundo estimativa da Secretaria da Segurança Pública do Pará.
A secretaria informou, via assessoria de imprensa, que até o
final da tarde de ontem o governo do Estado não havia requisitado ao governo federal apoio
para o retorno da operação de
fiscalização na região.
A Polícia Federal, em Brasília, disse que seu contingente
de policiais federais no Pará está de prontidão caso seja necessária a participação na operação em Tailândia.
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