São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Conflito impede apreensão de madeira ilegal no Pará

Manifestantes pró-madeireiros enfrentaram policiais na cidade de Tailândia

Grupo encurralou fiscais, incendiou carro e barrou a saída de toras confiscadas pelo Ibama; governo diz que não desistirá da operação

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Servidores do Ibama e da Secretaria do Meio Ambiente do Pará interromperam a operação de fiscalização contra a extração ilegal de madeira que realizavam na região de Tailândia (218 km de Belém), após uma série de protestos de madeireiros. Anteontem houve confronto entre policiais militares e manifestantes.
A suspensão temporária dos trabalhos ocorreu em razão da falta de segurança para as equipes de fiscalização que estão na região, segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Pará.
Durante os protestos, anteontem, uma equipe de fiscais dos governos federal e estadual foi impedida pelos manifestantes de sair de uma serraria. Os servidores só conseguiram deixar o local após a chegada da Polícia Militar.
Enquanto os fiscais permaneciam no interior da serraria, um grupo de pessoas tentou invadir o local para tentar atear fogo ao caminhão que deveria retirar a madeira ilegal apreendida na empresa.
Em outros pontos da cidade, policiais militares e moradores entraram em confronto. Balas de borracha foram disparadas. Um carro foi incendiado. Não houve informações de feridos.
"A tropa de choque foi agredida com pedras e revidou com munição de borracha", disse o tenente-coronel Luís Barbosa, da Polícia Militar do Pará.
Quatro pessoas foram presas ontem sob suspeita de participação em atos de vandalismo ocorridos na cidade.
A reportagem não conseguiu contato com representantes dos madeireiros ontem.
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) do Pará disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a operação de fiscalização será retomada, mas, por medida de segurança, não haverá anúncio de quando os fiscais retornarão à região de Tailândia.
Desde a semana passada, cerca de 13 mil metros cúbicos de madeira extraída irregularmente foram apreendidos em fiscalizações no município.
Os madeireiros, com o apoio de parte da população, fizeram os protestos para evitar que a madeira apreendida fosse retirada da cidade pelos fiscais.
A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), disse anteontem que o governo não irá retroceder na retirada da madeira de Tailândia. "Pode demorar 15, 40, 60 dias, mas vamos retirar", afirmou.
Segundo ela, que fez críticas a madeireiros da região, as ações que o grupo tem promovido "não irão intimidar" o governo. "Eu não vou colocar em risco a vida de ninguém. Não vou deixar que inocentes morram por irresponsabilidade de pessoas que estão acostumadas a viver na ilegalidade."
Após as equipes do Ibama e da Secretaria do Meio Ambiente deixarem o município na terça-feira, as manifestações contrárias à operação se encerraram. Na tarde de ontem cerca de 200 policiais militares estavam no município, segundo estimativa da Secretaria da Segurança Pública do Pará.
A secretaria informou, via assessoria de imprensa, que até o final da tarde de ontem o governo do Estado não havia requisitado ao governo federal apoio para o retorno da operação de fiscalização na região.
A Polícia Federal, em Brasília, disse que seu contingente de policiais federais no Pará está de prontidão caso seja necessária a participação na operação em Tailândia.


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