São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2000


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ASTRONOMIA
Fenômeno, previsto teoricamente, é confirmado por análise de observações
Buraco negro cresce com galáxia

France Presse/Nasa - 24.jan.00
Imagem de raios X da galáxia de Andrômeda mostra, em azul, local de um provável buraco negro


MARCELO FERRONI
Editor-assistente de Ciência

Buracos negros no centro de galáxias, que atraem para si qualquer tipo de matéria, costumam "engordar" com o tempo, ou seja, se tornam cada vez mais maciços. O fenômeno, que até agora havia sido previsto teoricamente, foi confirmado na prática por astrônomos britânicos.
"Havia teorias, mas nenhuma evidência. Esse é o primeiro indício de que o buraco negro cresce à medida que a galáxia cresce", disse à Folha, em entrevista por telefone, Michael Merrifield, da Universidade de Nottingham.
O estudo, que comparou dados sobre a idade de galáxias e a distribuição de buracos negros pelo Universo, contou também com Duncan Forbes e Alejandro Terlevich, da Universidade de Birmingham. A descoberta será apresentada em 27 de março na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Sai publicada em 1º de abril na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".
"Não sabíamos se o buraco negro supermaciço já existia, e a galáxia depois se formou ao seu redor, ou se, conforme a galáxia evolui, o buraco negro se torna mais maciço", disse Merrifield.
Buracos negros supermaciços são aqueles cuja massa variam de 100 milhões a alguns bilhões de massas solares. Em alguns casos, sua massa corresponde a 1% da massa da galáxia em que estão.
O estudo de Merrifield cruzou dois tipos de dados: a idade de galáxias e o tamanho de buracos negros em seus centros. A idade das galáxias pode ser estimada por meio do tipo de brilho que suas estrelas emitem.
Como exemplo, Merrifield disse que estrelas com brilho azulado são recentes. "Se nós observamos uma galáxia com muito sinal desse tipo, isso significa que ela é uma galáxia muito nova", afirmou.
A idade da galáxia foi relacionada com dados sobre a presença de um buraco negro em seu centro, coletados indiretamente.
O buraco negro não emite luz. Sua massa é tão grande que a força gravitacional suga tudo para o seu interior, até mesmo fótons de luz. Portanto, ele só pode ser encontrado indiretamente.
Uma forma de detectar sua presença é por meio do movimento das estrelas ao seu redor. Elas se movem com muito mais rapidez, como se estivessem na órbita de algo muito maciço.
"É provável que a nossa própria galáxia (a Via Láctea) contenha um buraco negro cuja massa é centenas de milhões de vezes maior que a do Sol", disse George Matsas, físico teórico da Unesp (Universidade Estadual Paulista).



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