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Porto opõe governo baiano e associação de turismo
Projeto deve ser instalado em área de preservação
Instituto Floresta Viva
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Vista da área de Ilhéus onde deverá ser construído o complexo
MATHEUS PICHONELLI
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
O projeto de construção de
um complexo portuário numa
área de preservação ambiental
de Ilhéus (a 429 km de Salvador) levou empresários do setor turístico e ambientalistas à
Justiça contra o governo Jaques Wagner (PT).
Eles afirmam que as obras
vão causar prejuízos ambientais e culturais em um local para onde deveriam ser destinados apenas investimentos em
preservação e ecoturismo.
Numa área de 1.700 hectares
dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) de Lagoa Encantada, já declarada como de
utilidade pública para fins de
desapropriação, o governo quer
instalar um porto integrado a
transportes rodoviário, aéreo,
ferroviário e fluvial.
A área, com remanescentes
da mata atlântica, equivale a
2.480 campos de futebol.
"Inevitável"
Argumentando que o desmatamento e a poluição do local
serão "inevitáveis", a Atil (Associação de Turismo de Ilhéus),
que reúne cerca de cem empresas, apresentou à 2ª Vara Civil
de Ilhéus ação civil pública contra o Estado pedindo a nulidade
do decreto. Marcelo de Campos, advogado da associação,
afirma que, ao autorizar a desapropriação, Wagner não levou
em conta normas ambientais.
Na área, estavam previstos
investimentos de R$ 623 milhões para a construção de imóveis. "Há projetos que têm 70%
da propriedade nessa área desapropriada pelo governo", diz
Robert Godoy, diretor da Atil.
Com a medida, segundo o
Crea (Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e
Agronomia) de Ilhéus, a expansão imobiliária observada no
local será "brecada".
A APA da Lagoa Encantada
foi criada em 1993. No site da
Secretaria de Meio Ambiente
da Bahia, é descrita como área
"prioritária para conservação".
Segundo o engenheiro agrônomo Mário Pessoa, consultor
ambiental de projetos técnicos
na região de Ilhéus, um projeto
como este afetaria mananciais,
áreas de rios, espécies marinhas, manguezais e animais.
O governo diz que as obras
vão gerar até 10 mil empregos
na cidade, o que, para a Secretaria de Turismo de Ilhéus, deve
ser levado em consideração.
"Queremos que o ecoturismo
se desenvolva, mas há muitos
miseráveis em Ilhéus. O turismo, sozinho, não dá conta de
trazer emprego e renda para todos. A [idéia de] sustentabilidade diz para você respeitar os
bens naturais, mas também os
humanos e econômicos", diz
Santina Gonçalves, gestora de
projetos da secretaria.
O secretário do Meio Ambiente da Bahia, Juliano Souza
Matos, diz que o local não é de
proteção integral e, se forem levados em conta planos de manejo, o projeto pode ser liberado. Segundo ele, resistências
são "prematuras" e turismo e
porto podem "conviver".
O governo tem pressa para
iniciar as obras: quer instalar,
até 2011, um complexo de mineração de ferro em Caetité
(BA). Para escoar a produção,
um mineroduto com 400 quilômetros ligaria a cidade a Ilhéus,
onde o porto embarcaria 70 mil
toneladas de minério por dia.
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