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Grupo acha 1ª vítima de arma de fogo da América
Crânio de homem encontrado em cemitério inca no Peru tem marcas de bala
Análises forenses mostram
que o único disparo foi feito
por um mosquete espanhol,
a 30 m de distância, durante
batalha na década de 1530
JOHN NOBLE WILFORD
DO "NEW YORK TIMES"
Arqueólogos anunciaram ter
encontrado num cemitério inca no Peru o que eles dizem ser
o primeiro caso de morte por
arma de fogo registrado no Novo Mundo: um crânio com dois
buracos de bala na cabeça.
Após exames forenses, técnicos da Universidade de New
Haven, em Connecticut (EUA)
atestaram a morte violenta.
Apesar das duas marcas, as análises mostraram que o índio foi
morto por uma única bala.
O projétil entrou na cabeça
pela parte de trás e saiu pela
frente, através do rosto. O que
provavelmente indica, segundo
os cientistas, que o homem assassinado estava correndo do
seu agressor.
As marcas tem menos de 2,5
cm de diâmetro e continham,
nas suas extremidades, resquícios sutis de ferro. Os sinais de
violência combinam com as
marcas deixadas pelas armas
espanholas usadas na época. O
tiro provavelmente saiu de um
mosquete moderno para aqueles tempos, segundo os historiadores militares. O disparo foi
dado a 30 metros de distância,
aproximadamente.
Batalha final
De acordo com os pesquisadores forenses, todas as hipóteses prováveis foram testadas.
"Tentamos descartar todas as
outras causas possíveis do buraco -uma pedra atirada de um
estilingue, uma lança ou uma
machadinha", disse o legista Albert Harper, da Universidade
de Connecticut.
Pelo menos 35 esqueletos escavados pela equipe de pesquisa no cemitério de Puruchuco
têm sinais de violência, segundo o arqueólogo que chefiou as
escavações, Guillermo Cock.
"Alguns têm costelas quebradas por instrumentos pesados,
outros braços e pernas quebrados", explica.
Segundo Cock, além dos tiros, os incas e seus aliados foram mortos na luta corpo a corpo ou também pisoteados pelos
cavalos espanhóis. "Essa também era uma arma nova para
eles", lembra o pesquisador.
Apenas um crânio foi achado
com marca de tiro.
Outros artefatos coletados
na região das escavações atestam que ali, muito provavelmente, ocorreu uma batalha
com muitos combates entre os
invasores e os indígenas, que
tentavam defender suas terras.
Crônicas espanholas costumam descrever uma batalha de
campo ocorrida nos arredores
da cidade de Lima em 1536. As
datações confirmam que os artefatos encontrados no local
são do início do século 16.
O esqueleto indígena baleado
chamou logo a atenção pela forma com que fora enterrado. Parece que o corpo foi sepultado
rapidamente, explica Cock. Segundo ele, os rituais incaicos,
de colocar o corpo cruzado voltado para o norte, não foram
respeitados neste caso.
O trabalho de Cock foi financiado pela National Geographic
Society. O canal de televisão do
grupo apresentará um programa sobre a descoberta na próxima terça-feira.
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