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AMAZÔNIA
Floresta desmatada leva 70 anos para recuperar nutriente
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo que analisou
como as áreas desmatadas da
Amazônia se recuperam ao
longo do tempo traz hoje
uma notícia boa e uma ruim.
Ao analisar florestas que voltaram a crescer depois de terem sido derrubadas, cientistas descobriram que, ao
longo do tempo, elas recuperam seu nível de nitrogênio,
um nutriente fundamental
para o solo. O processo, porém, leva décadas.
"Nos temos a boa notícia
de que a floresta se regenera
e ainda recupera seu ciclo de
nitrogênio; a má notícia é
que isso leva pelo menos 70
anos", diz Luiz Martinelli,
pesquisador da Esalq (Escola
Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz, da USP) e autor
principal do trabalho.
Em estudo na edição de
hoje da revista "Nature"
(www.nature.com) , Martinelli e colegas detalham como esse processo ocorre.
No início, a floresta em regeneração dá lugar sobretudo a árvores que conservam
nitrogênio (emitem poucos
gases com esse elemento) e
não sofrem muita queda de
folhas. Só após algum tempo,
quando a mata secundária
("capoeira") restabelece seu
nível de nitrogênio, espécies
que dependem desse elemento em abundância retornam ao ambiente.
Mas isso não quer dizer
que a biodiversidade se recupere. Após esse período de
cerca de 70 anos, a floresta
retoma só entre 70% e 80%
de sua biomassa original e,
ainda assim, com uma vegetação bem menos diversa.
"Mas agora, sabendo melhor como o sistema funciona, podemos estudar intervenções", diz Martinelli. Entre medidas que podem acelerar a regeneração de mata
secundária está, por exemplo, o plantio de leguminosas, que ajuda a floresta a reter nitrogênio. Adubo com
fósforo, em outra frente, poderia suprir a falta mais crônica desse outro nutriente.
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