São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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Cientistas caçam genes para criar estratégias contra a leishmaniose

DO ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

A recente publicação do genoma de um parasita causador da leishmaniose é apenas o começo na busca de terapias novas e vacinas contra essa doença tropical. Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) deram a partida na busca de drogas e já têm três alvos para atacar o parasita.
"Todo esse esforço de projetos genoma é importante no sentido de colocar o alicerce para o nosso trabalho, que está apenas começando", diz Lucile Maria Floeter-Winter, do Instituto de Biociências (IB-USP), que ontem fez uma palestra na reunião da SBPC sobre essa busca de alvos "quimioterápicos".
O subtítulo da palestra de Winter já indicava o trabalho gigantesco que os cientistas têm pela frente: "análise dos genes e seus produtos um a um".
De fato, é preciso caracterizar cada gene que codifica a proteína do alvo. Três genes/proteínas promissores já foram estudados por Winter e seus colaboradores.
Os parasitas do gênero Leishmania atacam justamente uma célula de defesa do organismo, um glóbulo branco do sangue chamado macrófago, cuja função é "devorar" invasores. O parasita se aproveita justamente dessa "fome" para poder penetrar no macrófago, imitando uma célula que estaria morrendo, e portanto teria de ser "varrida" do organismo pela célula de defesa.
O parasita consegue isso ao apresentar uma substância, fosfatilserina, na face externa da sua membrana. O macrófago engole a isca e termina infectado.
Por ser uma atividade essencial ao parasita, esse alvo promete ser uma boa fonte para um medicamento ou vacina.
Duas outras substâncias, arginase e G6PD, agem inibindo "armas" do macrófago, atacando mecanismos que a célula de defesa ativaria contra o parasita.
Experimentos em proveta e em camundongos mostraram como a arginase é importante para o estabelecimento da infecção, o que faz com que drogas capazes de inibir sua ação se tornem medicamentos potenciais.
Os pesquisadores do IB e seus colaboradores de outras unidades da USP conseguem chegar até a descrição científica dos "alvos". O passo seguinte teria de ser feito em outro local -o desenvolvimento de um medicamento, algo complexo e demorado.
Se já existir uma droga já aprovada clinicamente, em quatro ou cinco anos se cria uma nova terapia. Caso contrário, seria preciso uma década, diz a cientista da USP. (RBN)


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