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Cientistas caçam genes para criar
estratégias contra a leishmaniose
DO ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA
A recente publicação do genoma de um parasita causador da
leishmaniose é apenas o começo
na busca de terapias novas e vacinas contra essa doença tropical.
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) deram a partida na busca de drogas e já têm três
alvos para atacar o parasita.
"Todo esse esforço de projetos
genoma é importante no sentido
de colocar o alicerce para o nosso
trabalho, que está apenas começando", diz Lucile Maria Floeter-Winter, do Instituto de Biociências (IB-USP), que ontem fez uma
palestra na reunião da SBPC sobre essa busca de alvos "quimioterápicos".
O subtítulo da palestra de Winter já indicava o trabalho gigantesco que os cientistas têm pela
frente: "análise dos genes e seus
produtos um a um".
De fato, é preciso caracterizar
cada gene que codifica a proteína
do alvo. Três genes/proteínas promissores já foram estudados por
Winter e seus colaboradores.
Os parasitas do gênero Leishmania atacam justamente uma
célula de defesa do organismo,
um glóbulo branco do sangue
chamado macrófago, cuja função
é "devorar" invasores. O parasita
se aproveita justamente dessa
"fome" para poder penetrar no
macrófago, imitando uma célula
que estaria morrendo, e portanto
teria de ser "varrida" do organismo pela célula de defesa.
O parasita consegue isso ao
apresentar uma substância, fosfatilserina, na face externa da sua
membrana. O macrófago engole
a isca e termina infectado.
Por ser uma atividade essencial
ao parasita, esse alvo promete ser
uma boa fonte para um medicamento ou vacina.
Duas outras substâncias, arginase e G6PD, agem inibindo "armas" do macrófago, atacando
mecanismos que a célula de defesa ativaria contra o parasita.
Experimentos em proveta e em
camundongos mostraram como
a arginase é importante para o estabelecimento da infecção, o que
faz com que drogas capazes de
inibir sua ação se tornem medicamentos potenciais.
Os pesquisadores do IB e seus
colaboradores de outras unidades
da USP conseguem chegar até a
descrição científica dos "alvos". O
passo seguinte teria de ser feito
em outro local -o desenvolvimento de um medicamento, algo
complexo e demorado.
Se já existir uma droga já aprovada clinicamente, em quatro ou
cinco anos se cria uma nova terapia. Caso contrário, seria preciso
uma década, diz a cientista da
USP.
(RBN)
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