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POLÍTICA CIENTÍFICA
Meta é intensificar colaboração entre instituições públicas e particulares na geração de aplicações
Projeto de lei mira inovações de alto risco
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Como forma de estimular a inovação em projetos de alto risco
tecnológico, o governo pretende
autorizar o uso de recursos públicos por empresas privadas a partir de "encomendas tecnológicas". Com isso, instituições públicas federais poderiam contratar
empresas para pesquisas de processos ou produtos inovadores.
Nessa hipótese, a União reservaria os direitos de patente e manteria uma auditoria técnica e financeira externa. Verbas federais
para pesquisa e desenvolvimento
chegarão a R$ 1 bilhão em 2002.
Essa é uma das principais novidades da Lei de Inovações, cujo
anteprojeto será debatido hoje na
Conferência Nacional de Ciência
e Tecnologia. Em seguida, o texto
será submetido a consulta pública
por 50 dias, e qualquer pessoa poderá enviar sugestões pelo site do
Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br).
Se a lei for aprovada, as instituições federais poderão comercializar suas descobertas e receber
"royalties" -pagamento pela licença de uso de produto ou processo patenteado-, podendo
ainda repassar parte desses lucros
aos próprios pesquisadores.
Hoje, universidades federais
não podem patentear e licenciar
inovações. "Isso fazia com que
muitas descobertas ficassem na
prateleira", explicou Elza Brito da
Cunha, chefe da Secretaria de
Propriedade Intelectual da Embrapa e integrante do grupo que
redigiu o anteprojeto.
Servidores
Inspirada no modelo francês, a
proposta de projeto de lei pretende estimular os pesquisadores, retirando as restrições aplicadas a
servidores públicos.
Entre as principais mudanças
estão a possibilidade de contratações temporárias sem concurso
público, o licenciamento de docentes para constituição de EBTs
(Empresas de Base Tecnológica),
a possibilidade de redução de jornada de trabalho e o "empréstimo" de pesquisadores a instituições e empresas.
O projeto também autoriza locação de equipamentos e recursos
de órgãos públicos ao setor privado. O governo prevê resistências
no meio acadêmico aos pontos ligados a cooperação e intercâmbio
entre universidades e empresas,
que poderiam ser considerados
comercialização da pesquisa.
"É o fim do ciclo de cópia, o fim
do foco na compra de tecnologia", disse Ronaldo Sardenberg,
ministro da Ciência e Tecnologia,
sobre os incentivos a pesquisadores e empresas.
Fundos
O projeto também autoriza a
criação de fundos mútuos de investimento em EBTs, cuja regulamentação caberia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
As EBTs, de acordo com o projeto, também teriam prioridade
nos financiamentos específicos
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) e da Finep (Financiadora
de Estudos e Projetos).
O governo pretende aprovar a
lei no primeiro semestre de 2002.
Depois disso, ela ainda precisará
ser regulamentada. A implementação, aplicável às universidades
federais e instituições de pesquisa
da União, como a Embrapa, se daria até 2003, estima o governo.
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