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Bebê australopiteco já era independente, diz equipe
Amadurecimento do cérebro vinha mais cedo em hominídeo que em humanos
Apesar de a característica
deixar o fóssil mais parecido
com os de grandes macacos,
a filhote de A. afarensis já
era capaz de caminhar ereta
DA REPORTAGEM LOCAL
Que tipo de criança era o bebê Lucy, a menina de Dikka?
Estaria mais próxima de um
chimpanzé, razoavelmente independente e capaz de subir
em árvores e se defender um
pouco, ou de uma criança humana de três anos, dependente
dos pais para quase tudo?
"O espécime é muito frágil,
mas de diversas maneiras está
mais para um chimpanzé do
que um ser humano. Ficou tão
bem preservado porque foi enterrado logo depois de morrer,
talvez em uma inundação. Com
três anos, essa garota provavelmente ainda era muito dependente de sua mãe. Mas já devia
estar explorando a paisagem
sozinha por períodos curtos",
disse à Folha um dos integrantes da equipe de pesquisa, o
chileno René Bobe, da Universidade da Geórgia (EUA).
"Era mais independente, como um chimpanzé", disse Bernard Wood, cientista da Universidade George Washington,
dos EUA, que escreveu um artigo na mesma edição da revista
"Nature" comentando a descoberta. Para Wood, o bebê de
Australopithecus afarensis tinha braços capazes de subir em
árvores, como um macaco.
Os cientistas estão impressionados pelas características
do fóssil, parte mais parecida
com o que se vê em grandes
macacos como gorilas e chimpanzés -em geral o torso e os
membros superiores-, e parte
de desenho mais humano, da
cintura para baixo. Ou seja, o
bebê Lucy andava ereto.
O cérebro da garotinha, com
330 cm3 de capacidade, não difere muito do cérebro de um
chimpanzé da mesma idade,
segundo o chefe da pesquisa,
Zeresenay Alemseged.
Mas no caso do chimpanzé,
isso significaria um cérebro
quase do tamanho do de um
adulto, com 90% de desenvolvimento, contra 63% e 88% do
cérebro de um Australopithecus afarensis.
Isso já mostraria uma tendência que se acentuaria com o
ser humano -demora maior
para chegar à vida adulta, com
mais tempo para aprendizado
social, apesar do risco maior de
ter um bebê mais frágil e menos independente.
(RBN)
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