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BIOLOGIA
Bólido teria caído na Terra há 251 milhões de anos e provocado extinção que abriu espaço para os grandes répteis
Asteróide assassino deu vida a dinossauros
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Provas de que um asteróide
também foi responsável por uma
extinção em massa anterior àquela que acabou com os dinossauros
foram achadas por uma equipe de
pesquisadores na Antártida.
Os microscópicos fragmentos
de meteorito provariam que a extinção em massa ocorrida 251 milhões de anos atrás também foi
causada por um impacto de um
corpo vindo do espaço. "Meteoritos" são os corpos celestes que sobrevivem ao calor da entrada na
atmosfera e chegam à superfície.
Na revista científica americana
"Science" (www.sciencemag.org), em sua edição de hoje, a
equipe de cinco pesquisadores liderada por Asish Basu, da Universidade de Rochester, Nova
York, anuncia o achado de microfragmentos do bólido assassino.
Essa extinção ocorreu no "limite P/T", que marca o fim do período geológico Permiano e o início
do período Triássico.
Foi a maior extinção e a que
abriu caminho para a dominância
dos dinossauros, que duraria por
toda a então iniciada Era Mesozóica e seus períodos Triássico,
Jurássico e Cretáceo, de 251 milhões a 65 milhões de anos atrás (o
tempo geológico é dividido em
eras, e as eras, em períodos).
As provas são pequenas -a
maior não chega a ter meio milímetro. São 40 pedaços de meteorito com diâmetros entre 50 e 400
micrômetros (um micrômetro é
um milésimo de milímetro).
Os fragmentos foram achados
em uma cadeia de montanhas que
corta a Antártida, no pico Graphite, perto da geleira Beardmore. A
formação em que ocorreu a descoberta foi associada ao limite P/T
com base em fósseis de plantas
extintas do gênero Glossopteris e
em grãos de quartzo mostrando
choque, principalmente.
As análises tanto da sua composição química como da sua textura indicam que esses fragmentos
vieram do espaço. Duas outras
evidências foram apresentadas
para reforçar a tese de que a Antártida contém as provas do crime
cósmico do limite P/T.
São gases de origem extraterrestre aprisionados dentro de
"buckyballs" -microestruturas
de carbono que lembram uma
bola de futebol. E pequenos grãos
de ferro encontrados junto aos
fragmentos que são parecidos
com outros achados em outras
rochas claramente definidas como sendo do limite P/T em outro
ponto do planeta, Meishan, no sul
da China. Os cientistas especulam
que o ferro teria se condensado a
partir do vapor formado pelo impacto do asteróide.
A sobrevivência dessas provas
por um quarto de bilhão de anos
tem despertado dúvidas entre
pesquisadores, como alguns ouvidos pela "Science".
"Mencionamos várias possibilidades no artigo sobre como os
fragmentos de meteorito sobreviveram. O artigo é sobre a descoberta desses grãos, não sobre o
porquê de terem sobrevivido",
disse Basu à Folha. "Ninguém
questionou a idade da camada de
sedimentos."
Sabendo o risco de contaminação das pequenas amostras, dois
cientistas fizeram a coleta dos meteoritos em pontos distintos, além
de obter uma amostra de uma camada mais profunda para comparação. Os resultados não indicaram problemas.
As cinco extinções
A vida na Terra passou por cinco momentos difíceis ao longo de
sua história de bilhões de anos.
Foram cinco extinções em massa
das formas de vida existentes,
abrindo caminho para outras que
as sucederam.
Foi graças ao fim dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás, que
os mamíferos puderam se tornar
os animais dominantes em terra.
Essa que é a mais famosa das extinções ocorreu no "limite K/T",
marcando o fim do período Cretáceo e o início do Terciário. Mas
até agora só havia provas consistentes para esse "crime".
O impacto de um asteróide pode equivaler à detonação de milhares de bombas nucleares. O resultado seria espalhar tanta poeira que a luz do Sol seria bloqueada. A escuridão mataria plantas e
diminuiria a temperatura. Os efeitos climáticos do impacto estariam na raiz das extinções.
As provas de impactos espaciais
são difíceis de encontrar, especialmente quando o evento é muito
antigo. No caso do limite K/T, a
prova mais importante é a presença em maior quantidade de
um elemento raro, o irídio. O impacto também pode ser inferido
pelo efeito que o choque teve em
determinados minerais.
A hipótese da extinção por asteróide surgiu em um artigo publicado na "Science" em 1980. O artigo, de autoria de Walter Alvarez,
Frank Asaro, Helen Michel e Luis
Alvarez, tratava da concentração
de irídio no limite K/T.
Desde então as provas foram se
acumulando, inclusive a localização da cratera do asteróide matador dos dinos na península de Yucatán, no México. Mas só em 1998
uma equipe anunciou ter encontrado um pedacinho de 2,5 milímetros do asteróide de talvez 10
km de diâmetro que teria caído há
65 milhões de anos.
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