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EUA destroem satélite em órbita usando míssil naval
Operação foi criticada pela China, que fez demonstração similar no ano passado
Missão usou sistema criado na Guerra Fria para atingir eventuais mísseis inimigos; para críticos, teste favorece militarização do espaço
DA REPORTAGEM LOCAL
O navio cruzador americano
Lake Erie, posicionado a noroeste do Havaí, lançou ontem
à 0h26 (horário de Brasília) um
míssil SM-3 para destruir o satélite espião desgovernado
NROL-21. O governo dos EUA
deflagrou a operação alegando
que o tanque de combustível
hidrazina do satélite poderia
contaminar uma área habitada
caso caísse na Terra e resistisse
ao atrito com a atmosfera.
O Pentágono afirmou ter "alto grau de convicção" de que o
tiro acertou o alvo. "Foi algo
sem precedentes", afirmou o
general James Cartwright, da
Marinha. "O grau de dificuldade técnica da missão era significativo. Na hora da interceptação [do satélite pelo míssil]
houve comemoração nos centros de operação e no navio."
Segundo o militar, imagens
gravadas do impacto do míssil
no alvo mostram uma explosão. Há mais de 90% de probabilidade de que o tanque tenha
sido destruído. Uma confirmação final, porém, só deve sair
hoje. "Da nossa posição, é sempre preciso ter cautela com estimativas, porque não há certeza absoluta", disse Cartwright.
Segundo o Pentágono, o satélite destruído era um modelo
experimental a serviço do Escritório Nacional de Reconhecimento, uma agência estatal
de inteligência. Foi lançado em
dezembro de 2006, mas entrou
em pane logo depois.
Ontem à tarde, restos do satélite já estavam entrando na
atmosfera, mas nenhum deles
grande o suficiente para resistir
à reentrada, disseram os EUA.
A operação na madrugada foi
a primeira na qual um míssil
partiu do mar para atingir um
satélite. Nos anos da Guerra
Fria, os EUA e a União Soviética já haviam conduzido testes
de destruição de satélites com
mísseis partindo de terra firme.
Apesar de não ser totalmente
inédita, a missão de ontem gerou severas críticas. Em nota
pública, a ONG UCS (União dos
Cientistas Engajados), que milita contra a corrida armamentista há vários anos, sugeriu que
a destruição do satélite foi mais
uma exibição de poderio militar do que uma operação motivada pela segurança, uma vez
que muitos satélites caem na
atmosfera e se desintegram
sem oferecer risco.
O Pentágono, porém, negou
que a finalidade da destruição
do NROL-21 fosse um teste do
sistema de mísseis da Marinha.
"Estávamos preocupados com
a hidrazina", diz Cartwright. Os
militares também negam que a
intenção da missão tenha sido a
de evitar que partes do satélite
espião pudessem cair em outro
país e ser estudadas por cientistas estrangeiros.
Em janeiro do ano passado, a
China havia destruído também
um satélite em órbita alta, mas
os militares americanos negam
que a operação de ontem tenha
sido uma espécie de "resposta"
aos governo chinês. Segundo a
Casa Branca, o caso era diferente, porque a missão americana
envolveria uma questão de segurança e foi anunciada com
antecedência.
Um jornal estatal chinês acusou os americanos de hipocrisia por terem criticado a operação chinesa no ano passado,
mas terem rejeitado um tratado anteriormente proposto pela Rússia para banir armamentos no espaço.
"O potencial custo político de
derrubar esse satélite é alto",
disse Laura Grego, física da
UCS. "Será muito difícil convencer outros países que eles
não devam desenvolver sistemas anti-satélites similares."
Com Reuters
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