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Fechamento de serrarias ameaça "quebrar" Tailândia, diz secretário
Exploração florestal em cidade do Pará movimenta 70% da economia local
Paulo Santos/Reuters
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Policiais contém manifestação em Tailândia na última terça |
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TAILÂNDIA (PA)
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Há três dias sob vigilância de
200 policiais, os moradores de
Tailândia (PA) convivem com a
ameaça de um novo levante e
com o risco do desemprego. Na
cidade de madeireiros, a possibilidade do fechamento das
serrarias pelo governo federal
revolta e assusta a população. A
prefeitura diz que, se isso acontecer, a cidade "quebra".
O secretário de Administração do município, Cristóvão
Vieira, diz que a movimentação
financeira fruto da extração da
madeira, das serrarias e carvoarias é de cerca de 70% dos recursos que circulam hoje na cidade. "Se os setores fecharem,
Tailândia se inviabilizará."
Emancipado há 19 anos e
com receita mensal de R$ 3 milhões, o município de 67 mil habitantes surgiu a partir da exploração da floresta há cerca de
40 anos. De acordo com o secretário, nesse período, 60% da
cobertura vegetal original de
Tailândia, que tem 4.440 km2,
se perdeu. Vieira não culpa, porém, apenas os madeireiros pela situação. Para ele, faltou
também fiscalização e orientação das autoridades federais.
O governo, que apreendeu 13
mil m3 de madeira ilegal na região, avalia em pelo menos R$ 5
milhões tudo o que foi confiscado. Ainda se vê as marcas do
confronto que envolveu policiais militares e pessoas contrárias à apreensão das toras.
O Fórum de Tailândia, depredado no protesto, está fechado. Nas poucas madeireiras
em atividade ontem, o movimento era pequeno. Apreensivos, trabalhadores se reuniam
para comentar a situação.
"Estão dizendo que a firma
pode fechar. Se eu sair daqui,
não tem para onde correr", disse José Hipólito da Conceição,
36, funcionário da Serraria Catarinense há quatro anos.
As 64 madeireiras legalmente registradas na cidade geram
1.552 empregos e influenciam
toda a cadeia econômica. Com
a crise, as vendas nos supermercados de Tailândia caíram
50%. A principal fábrica de móveis local, a Belmóveis, ameaça
fechar as portas. Ela consome
120 m3 de madeira por ano,
quantidade suficiente para fabricar 3.000 camas de casal.
Em nota divulgada ontem
pelo Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da
República, o governo reafirma
a intenção de continuar agindo
na região. "Não se trata de uma
operação de curta duração,
mas sim de um projeto de longo prazo de atuação do Governo Federal na área", diz o texto.
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