São Paulo, sábado, 22 de abril de 2006

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DE VOLTA À TERRA

Recebido por 5.000 pessoas no aeroclube de sua cidade natal, astronauta faz carreata e dá autógrafos

Bauru faz festa para Marcos Cesar Pontes

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Marcos Pontes acena do alto de carro dos Bombeiros em Bauru


THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O astronauta Marcos Pontes, 43, foi recebido como herói ontem em Bauru (343 km a noroeste de São Paulo), sua cidade natal.
Em clima de festa por conta do feriado de Tiradentes, cerca de 5.000 pessoas, segundo a PM, foram até o aeroclube para prestar uma homenagem a Pontes.
Visivelmente cansado, mas sempre sorridente, o astronauta, durante todo o tempo, distribuiu autógrafos e tirou fotos com fãs. "É muito bom estar em casa. Ainda mais porque estive fora da Terra um tempo", brincou.
No aeroclube, Pontes recebeu homenagens da Esquadrilha da Fumaça, que grafou no céu "Obrigado Pontes" e "Brasil", além de desenhar um coração.
O público agitou bandeiras brasileiras e alguns ensaiaram gritos de "lindo" e "nosso herói". "Ele é uma pessoa muito simpática, teve uma vida dedicada a isso e agora projeta a nossa cidade", afirmou o gerente comercial José Eduardo Tonelli, 46, que levou a mulher, os dois filhos e a cadela de estimação para assistir às comemorações.
O assédio dos espectadores era tão grande que, logo que Pontes subiu ao palco, a multidão que o acompanhou provocou um estalo na estrutura do palanque.
Mesmo com a ameaça de queda, os fãs não atenderam aos pedidos da PM e só desceram após Pontes ir ao microfone e pedir, em nome da segurança. Só os familiares permaneceram.
Uma banda marcial e um coral se apresentaram na cerimônia. Durante a execução do Hino Nacional, Pontes conseguiu realizar seu maior desejo desde que chegou da missão espacial: abraçar o pai, Virgílio de Pontes, 88.
Além da família que mora em Bauru, estavam presentes um sobrinho-neto do aviador Santos-Dumont e o filho de Pontes, Fábio, 19, que saiu de Houston para acompanhar o pai.
Pontes partiu em carreata, às 10h50. Moradores e motoristas já aguardavam a passagem do astronauta pelas ruas, sobre um carro do Corpo de Bombeiros.
Durante uma hora, vestindo o macacão da missão Centenário e sob uma temperatura de quase 30C, Pontes não deixou nem sequer um minuto de acenar aos moradores de Bauru.
Na entrevista coletiva, no Teatro Municipal, Pontes se mostrou incomodado com o rótulo de herói. "Eu não sei de tudo. Eu não sou perfeito. Tenho muitos defeitos, como todo mundo", afirmou.
Pontes disse ainda achar "deselegantes" as críticas aos experimentos realizados no espaço. "São cientistas que fizeram, profissionais de alto gabarito." Mas, logo depois, relativizou. "O resultado [do experimento com feijão] era óbvio. Eu sabia o que ia acontecer". E justificou: "Quando se falava das sementinhas, eu ficava imaginando as crianças fazendo aqui no Brasil." Ele voltou a defender o gasto de US$ 10 milhões com a viagem. "Confio muito no governo brasileiro."
À tarde, Pontes foi descansar na casa da irmã, mas a agenda do dia só teria fim às 23h20, após um jantar comemorativo.


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