São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Criação de santuário para baleias é vetada em conferência no Japão

DA REDAÇÃO

Não foi desta vez que a diplomacia brasileira conseguiu transformar o Atlântico Sul num território livre de caça para as baleias. A proposta de criação de um santuário na região foi derrotada ontem na reunião anual da CIB (Comissão Internacional da Baleia), que acontece no Japão. Também foi vencida a iniciativa de criação de um santuário no Pacífico Sul, encabeçada pela Austrália.
A votação contra os santuários foi o contragolpe dos países caçadores, liderados pelo anfitrião -o encontro se realiza na cidade de Shimonoseki, o principal porto baleeiro japonês.
Anteontem, na abertura da reunião plenária, o bloco dos países conservacionistas conseguiu vetar a entrada da Islândia como membro votante da comissão. O país aumentaria o peso do bloco baleeiro, o que poderia levar ao retorno da caça comercial, suspensa desde 1986. A Islândia ameaçou retomar a caça unilateralmente após a decisão.
A criação do santuário teve 23 votos a favor e 17 contra, e quatro abstenções. Para que fosse aprovada, seriam necessários três quartos dos votos dos 44 participantes do encontro.
"Conseguimos a maioria simples, com quatro votos a mais do que [na reunião da CIB] no ano passado, só que na última hora entraram na CIB Gabão, Benin, Palau e Mongólia no bloco japonês", disse à Folha Régis Pinto Lima, do Centro Mamíferos Aquáticos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), membro da delegação brasileira.
Desde o ano passado, os conservacionistas denunciam a suposta compra de votos na comissão por parte do Japão. O país estaria dando ajuda econômica a nações da África e do Caribe em troca de votos pelo retorno da caça. Os japoneses negam as acusações.
A proposta do Pacífico Sul teve um voto a mais que a do Atlântico Sul, mas também foi derrotada. O comissário do Gabão foi trocado entre uma votação e outra.
Hoje há santuários no oceano Índico e na Antártida. O Japão diz que não há base técnica para a criação de novos santuários.



Texto Anterior: Ambiente: Extinção ameaça um quarto dos mamíferos
Próximo Texto: Panorâmica - Biotecnologia: Cuba tenta clonar vaca leiteira campeã
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.