UOL


São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bananas transgênicas brasileiras podem ser testadas em Honduras

DO ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE LINDÓIA

O principal centro de pesquisa brasileiro na área já pensa em testar seus produtos no exterior. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia está em negociações com Honduras para testar uma banana transgênica nesse país da América Central, segundo o pesquisador Francisco Aragão.
Pesquisas com algodão, batata, feijão e mamão transgênicos estão paradas. "O Brasil poderia ser o segundo país em desenvolvimento, depois da China, a plantar seus próprios transgênicos", diz.
"Se ouve gente falando que é a favor da pesquisa com transgênicos, mas não do cultivo comercial. Se faz pesquisa para quê, então?" -perguntou ele durante palestra no 49º Congresso Nacional de Genética, encerrado na sexta-feira.
Mesmo experimentos não-comerciais estão paralisados, o que faz com que toda a rede de laboratórios de estudos de biossegurança esteja também parada.
Na sexta-feira, a Presidência da República havia anunciado para esta semana uma decisão sobre o plantio de soja transgênica na safra a ser plantada em outubro. Agricultores em todo o país, sobretudo no Rio Grande do Sul, vêm há alguns fazendo ilegalmente o plantio de soja transgênica.
Aragão citou vários "absurdos" nas regras atuais. Por exemplo, batatas modificadas geneticamente têm de ser manipuladas como se fossem agrotóxicos -exigindo macacão, luvas, óculos com viseiras etc.
Algumas plantas transgênicas da Embrapa seriam úteis aos pequenos agricultores, como um feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, que tem destruído plantações em vários Estados. Um mamão resistente à doença já é plantado no Havaí. No Brasil, a solução do agricultor quando afetado é cortar os pés de mamão.
A soja transgênica comercializada pela empresa Monsanto confere resistência a um herbicida, fazendo com que o agricultor o use em menor quantidade, segundo os defensores da biotecnologia. Isso baratearia a produção e diminuiria riscos ao ambiente.
O Ministério do Meio Ambiente argumenta que não há estudos de impacto ambiental em número suficiente para tornar a soja modificada 100% segura. "O ministério não é contra a tecnologia", disse Rubens Nodari, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas.
"Estamos indo na contramão da pesquisa mundial, com exigências descabidas", disse Ernesto Paterniani, da USP.
(RICARDO BONALUME NETO)


RICARDO BONALUME NETO viajou a convite da Sociedade Bras. de Genética


Texto Anterior: Biotecnologia: Manifesto pressiona ONU por clonagem
Próximo Texto: Espaço: China planeja lançar sua primeira missão tripulada no mês que vem
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.