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Criador de 1º vírus sintético vê risco de uso para bioterrorismo
Cientista diz que terroristas podem montar ataques biológicos
DENISE MENCHEN
DO RIO
Responsável pelo desenvolvimento do primeiro vírus
sintético, em 2002, o alemão
radicado nos EUA Eckard
Wimmer vê com otimismo e
apreensão a biologia sintética, que em maio resultou na
primeira bactéria criada em
laboratório.
Para ele, as pesquisas irão
levar a importantes avanços
na área da saúde, da terapia
genética e da bioenergia,
mas não há garantias de que
a técnica não seja usada por
grupos mal intencionados.
"Ainda é uma tarefa difícil
sintetizar um vírus como o da
varíola, mas alguns grandes
laboratórios já são capazes
de fazê-lo. Um governo hostil
com dinheiro suficiente poderia fazer o mesmo", disse o
pesquisador da Universidade Stony Brook após palestra
na Fiocruz, no Rio, ontem.
Wimmer também considera factível que grupos terroristas possam encomendar
fragmentos de DNA para,
com base nos sequenciamentos genéticos disponíveis na
internet, montar vírus para
ataques biológicos.
Ele ressaltou, porém, que
os principais laboratórios
com capacidade de sintetizar
DNA submetem os pedidos a
uma análise criteriosa.
Apesar dos riscos, o pesquisador é otimista. Oito
anos após criar em laboratório o vírus da poliomielite, ele
trabalha na recodificação do
genoma desse organismo para a criação de variantes atenuadas do vírus, que darão
mais segurança à produção
de vacinas contra a doença.
Para ele, essa recombinação do genoma é o campo da
biologia sintética que deve
trazer mais avanços para a
área da saúde.
"A Organização Mundial
da Saúde não quer que a vacina seja feita de um vírus
que está erradicado. Eles
querem novas cepas, atenuadas, mas com as mesmas
propriedades para gerar as
vacinas", explica.
Isso evita que, no caso de
um vazamento no local da
produção, saiam pelo esgoto
vírus perigosos.
Na avaliação do pesquisador, porém, a técnica não
permite criar um vírus ou
uma bactéria totalmente novos. "O que Craig Venter fez
ao criar uma bactéria sintética é extremamente difícil e
abre um caminho para modificá-las, mas não vai criar novas formas de vida", disse.
Para Wimmer, o pesquisador apenas implantou o genoma criado em laboratório
em uma célula já existente,
que teve seu genoma totalmente retirado.
"Isso só funcionou porque
havia milhares de proteínas
indispensáveis para o processo. E sintetizar essas proteínas é incrivelmente complicado", conclui.
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