São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011 |
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Espécie de tubarão é extinta no Brasil Pesquisa indica que o Carcharhinus galapagensis não existe mais no arquipélago de São Pedro e São Paulo Conhecida como tubarão-das-galápagos, espécie era comum na região; desaparecimento afeta todo o ecossistema GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO A existência de uma área de preservação ambiental não impediu que o tubarão-das-galápagos (Carcharhinus galapagensis) fosse extinto no arquipélago de São Pedro e São Paulo -paraíso da vida marinha a 627 km de Fernando de Noronha (PE). Várias expedições -inclusive a histórica viagem de Charles Darwin no HSM Beagle, em 1832- dão conta de uma presença anormalmente alta desses bichos. Entretanto, ao participar de missões científicas recentes, o biólogo da Unicamp Osmar Luiz Jr não encontrou sequer um exemplar. Intrigado com a discrepância, o pesquisador decidiu investigar. Junto com Alasdair Edwards, da Universidade de Newcastle (Reino Unido), ele analisou dezenas de registros históricos e material recente sobre a espécie e sua presença no conjunto de ilhotas. O resultado, publicado na revista "Biological Conservation", é claro: o declínio das populações coincide com o início da pesca comercial no entorno do arquipélago, no início da década de 1950. O último registro do encontro de tubarões-das-galápagos nadando na área foi em 1993. Cruzando os diversos dados e fazendo previsões estatísticas, Luiz Jr estimou em 1998, ou até antes, a extinção local da espécie. Os tubarões acabam capturados acidentalmente pelos barcos que pescam atum e outros peixes na região. Não há plano de manejo específico para a pesca no entorno. O sumiço do tubarão, um predador do topo da cadeia alimentar, pode ter consequências graves para todo o seu ecossistema. Predadores intermediários poderiam crescer descontroladamente, em um fenômeno conhecido como cascata trófica. "Diretamente, os tubarões controlam a população de suas presas e, indiretamente, a população dos organismos que elas consomem", disse Luiz Jr à Folha. Segundo o cientista, é possível que, eliminada a pressão da pesca, possa haver uma recolonização da espécie no arquipélago. CRÍTICAS O coordenador do Proarquipélago (única estação científica em São Pedro e São Paulo), Fábio Hazin, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, discorda do resultado do trabalho. Hazin diz ter encontrado três exemplares da espécie capturados acidentalmente em um barco da região. O trabalho que descreve o encontro ainda não foi publicado. O pesquisador concorda, no entanto, que o ecossistema foi abalado. "Houve uma redução dramática [do número de tubarões]. Isso é inegável". Após a publicação do trabalho de Luiz Jr, circularam em fóruns na internet críticas aos resultados de Hazin, que é filho do fundador da empresa Norte Pesca, que atua no Nordeste. "Está havendo perseguição. Eu nunca tive nada a ver com a empresa", disse. Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Europa lança com sucesso primeira fase de concorrente do GPS Índice | Comunicar Erros |
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