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COSMOLOGIA
Expansão do cosmos teria origem no Big Bang
Energia escura não existe, afirma grupo ítalo-americano de físicos
DA REUTERS
Um grupo de cientistas italianos e americanos está atacando o
que consideram o equivalente
cosmológico do bicho-papão:
uma força sombria de enormes
proporções, que ninguém detectou diretamente até hoje, considerada responsável pela expansão
acelerada do Universo conhecido.
Hoje, a maior parte dos cientistas acredita que essa força misteriosa, a chamada energia escura,
corresponda a 70% da composição do cosmos. Mas o grupo ítalo-americano oferece uma alternativa controversa para explicar a
aceleração da expansão do Universo. Eles dizem que isso não está ocorrendo por causa da energia
escura, mas graças a um efeito colateral do Big Bang, a explosão
que deu origem a tudo que existe.
"Se a energia escura fosse tão
potente quanto predizem as teorias, ela teria impedido a existência de tudo o que conhecemos no
cosmos", afirma o italiano Antonio Riotto, do Instituto Nacional
de Física Nuclear, em Pádua. Desde o fim dos anos 1990, os cientistas têm usado a energia escura para explicar uma força aparentemente antigravitacional empurrando as galáxias para longe umas
das outras em ritmo acelerado. O
físico alemão Albert Einstein chegou a propor uma "constante cosmológica" que tinha um mecanismo parecido: ela entrava como fator antigravidade na sua teoria da
relatividade geral, de forma a criar
um Universo equilibrado e estático. Mais tarde, ele chamou a idéia
de "meu maior erro".
Ondas no espaço-tempo
"Acreditamos que Einstein estava certo quando disse que estava
errado", diz Edward W. Kolb, do
Laboratório do Acelerador Nacional Fermi, nos EUA. Kolb e
seus colegas italianos argumentam que a expansão acelerada do
Universo é o resultado de "vincos" no tecido do espaço-tempo,
criados pelo Big Bang durante a
chamada fase inflacionária, quando o Universo se expandiu de forma rápida. Segundo eles, esse fator não foi bem examinado porque tais "vincos" ficam, em parte,
fora do Universo observável.
"Essas marolas crescem com o
tempo e dão uma expansão extra
ao cosmos", afirma Kolb. O trabalho da equipe que descreve o
achado foi submetido à revista
científica "Physical Review Letters" e já está sofrendo críticas.
"O artigo deles vai passar por
um escrutínio enorme, e a minha
intuição é que, no fim das contas,
vão mostrar que eles estão errados", avalia o cosmólogo Michael
Turner, da Universidade de Chicago. Ele cunhou o termo "energia escura" e publicou um artigo
com Kolb em 1990. "Mas pode ser
que eles riam por último. E, se isso
acontecer, duvido que as marolas
sejam o único efeito. Teremos de
fazer outras mudanças."
Essas alterações podem incluir
novas idéias sobre o fim do Universo. Hoje, não se sabe se a expansão será revertida, esmagando
o cosmos no chamado "Big
Crunch", ou se ela continuará indefinidamente. A segunda hipótese é a mais provável de acordo
com a nova proposta, diz Riotto.
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