São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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Grupo já depositou três pedidos de patente

ENVIADO A CAMPINAS

A cena é meio comédia, meio teoria da conspiração. A cada dez minutos de conversa, Pereira se desculpa e pede para desligar o gravador. Ainda não está autorizado a divulgar a informação a seguir. Segredo industrial.
A precaução pode soar exagerada, mas o fato é que o grupo da Unicamp já requisitou três patentes internacionais e duas nacionais sobre as descobertas que fez. A ideia deter a propriedade intelectual do achado quando (e se) ele virar produto.
As patentes são compartilhadas com a petroquímica Braskem e com a ETH Bioenergia. Outra parceira é a fabricante de papel International Paper. Funcionários das empresas, como Antonio Morschbacker, gerente de tecnologia de polímeros verdes da Braskem, dividem o laboratório da Unicamp com doutorandos e mestrandos.

POUCO A POUCO
Morschbacker conta que a Braskem já pode produzir em larga escala o chamado polietileno verde, outro plástico muito usado pela indústria, com base em etanol feito pelas tradicionais leveduras.
"Não é preciso que elas produzam diretamente o etileno. Nós pegamos o etanol e o transformamos quimicamente. Ainda há muito a avançar nessa área com medidas mais simples", diz ele.
Até hoje nenhuma empresa brasileira conseguiu criar produtos de engenharia genética de sucesso, mas Pereira aposta que o caso da biologia sintética é diferente.
"Se fosse para produzir novos medicamentos, eu concordo que seria difícil. Aqui nós não temos grandes empresas farmacêuticas capazes de comprar as pequenas empresas onde as ideias dessa área começam", afirma.
"Mas a biologia sintética vai nos permitir produzir commodities -produtos de baixo preço em grandes quantidades. E ninguém ainda descobriu como fazer isso. Nesse ponto, todo mundo está começando igual."
O pesquisador cita outras vantagens: solo, calor e clima para produzir a "comida" dos organismos artificiais (como caldo de cana); e a própria riqueza da biodiversidade brasileira. "Acabamos de sequenciar ["ler'] o DNA de uma bactéria nativa que pode ser fantástica para fazer etanol, mas ainda não posso dizer qual é."
(RJL)


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