São Paulo, quinta, 23 de julho de 1998

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CIÊNCIA
Pesquisadores da Universidade do Havaí anunciam a produção de 50 ratos com uma técnica genética inédita
EUA divulgam primeiros clones de clones

Reuters
Três gerações de ratos - na parte superior, o doador do núcleo original; nos círculos inferiores, seus clones


da "Reuters"

Cientistas dos EUA anunciaram a clonagem de 50 ratos a partir de células de animais adultos, inclusive de alguns já clonados. Seriam os primeiros clones de clones, segundo estudo publicado na edição de hoje da revista "Nature".
A técnica empregada na pesquisa teria um aproveitamento de embriões -da fertilização ao nascimento- três vezes maior que a técnica utilizada por pesquisadores britânicos para gerar a ovelha Dolly (leia texto a seguir).
O novo método de clonagem, batizado de "técnica Honolulu", foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores coordenada por Ryuzo Yanagimachi, da Universidade do Havaí, nos EUA.
Apesar de terem usado células de ovários, os cientistas dizem que elas não são reprodutivas, como os óvulos. Clones de mamíferos a partir de embriões ou de células reprodutivas são feitos há cerca de 20 anos.
No caso da ovelha Dolly, o material genético usado para a clonagem (núcleos de glândulas mamárias) foi introduzido no óvulo por meio da técnica denominada eletrofusão, que consiste numa descarga elétrica.
Os cientistas da Universidade do Havaí usaram seringas microscópicas para injetar o material do núcleo diretamente no interior do óvulo.
Os embriões, gerados em laboratório a partir de células de ratas pretas, foram transplantados para os úteros de ratas brancas.
O nascimento dos animais pretos, segundo os pesquisadores, provou que os filhotes são clones e não filhos convencionais das mães de aluguel.
A técnica Honolulu empregou cerca de 800 embriões para conseguir 17 ratos clonados, uma eficiência de cerca de 2%. No caso de Dolly, apenas 1 em 156 embriões gerou um animal viável, com eficiência de 0,65%.
Yanagimachi afirma que seu método funciona melhor porque é mais simples. Mas, segundo Mayana Zatz, geneticista da USP (Universidade de São Paulo), do modo como foi conduzida, a experiência não prova ser superior.
A diferença entre os dois procedimentos só poderá ser conhecida quando os dois forem aplicados num mesmo tipo de animal, de acordo com Zatz.
Para Lygia da Veiga Pereira, geneticista, também da USP, o maior trunfo do projeto foi ter conseguido clonar ratos, pois eles são as cobaias mais usadas em pesquisas médicas.
A obtenção de animais geneticamente idênticos diminui a incerteza dos experimentos e aumenta a confiabilidade dos resultados, segundo Pereira.


Colaborou a Reportagem Local


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