São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

Índice

Sonda parte para estudar erupção magnética no Sol

Nasa/Jaxa
Ilustração mostra como será a Solar-B operando em órbita


Nave Solar-B medirá explosões na superfície solar que afetam satélites na Terra

Artefato integra uma série de observatórios espaciais destinados a esquadrinhar o Sol; próxima nave dessa frota deve voar em outubro

DA REDAÇÃO

Um consórcio internacional liderado pelo Japão lançou ontem uma sonda destinada a buscar a resposta para a origem das misteriosas explosões magnéticas na superfície do Sol.
A Solar-B, um satélite de 900 quilos e 10 metros de envergadura, partiu às 18h36 de ontem (hora de Brasília) a bordo de um foguete japonês M5, de uma base em Kagoshima. Ela ficará em órbita a 600 quilômetros da Terra, posicionada de maneira a que esteja iluminada pelo Sol pelo menos nove meses por ano.
A missão deverá passar três anos observando o Sol e coletando dados sobre o campo magnético da estrela. Ela está equipada com três telescópios que permitirão olhar com uma acurácia inédita a coroa solar e as chamadas ejeções coronais de massa, labaredas gigantescas que se levantam da superfície e que às vezes mandam grandes quantidades de partículas eletricamente carregadas (íons) para a Terra.
O estudo das ejeções de massa é de interesse direto dos terráqueos. As tempestades solares, viajando a 1,5 milhão de quilômetros por hora, atingem a Terra em meia hora (a luz do Sol demora 8 minutos para chegar aqui) e interferem em satélites, causando panes de comunicação. Em 1989, um desses eventos chegou a causar um blecaute no Canadá.
Os cientistas ainda não sabem o que provoca as erupções solares, mas a aposta é que mudanças drásticas e repentinas no campo magnético da estrela sejam as culpadas. As erupções provavelmente acontecem quando as linhas do campo magnético do Sol interagem umas com as outras, rompendo-se e se reconectando, o que libera grandes quantidades de energia em forma de labaredas.
Para tirar a teima, só mesmo observando e medindo em detalhe o conturbado campo magnético solar. É isso o que a Solar-B deve fazer.
A nova sonda poderá medir o campo magnético solar em grande detalhe. Isso é fundamental para saber quando as linhas magnéticas se dobram e mergulham de volta na superfície solar, liberando energia.
A sonda também poderá registrar como a energia armazenada no campo magnético da estrela é liberada -gradual ou violentamente- quando as linhas de força explodem na direção da atmosfera solar.
Entender como o processo acontece pode ajudar a prever fenômenos de "meteorologia espacial".

Frota estelar
A Solar-B, resultado de uma parceria da Jaxa (agência espacial japonesa) com a Nasa e a ESA (suas equivalentes americana e européia, respectivamente) é a segunda missão de uma série de quatro destinadas a desvendar o Sol e sua influência sobre a Terra.
A próxima nave da frota a ser lançada é a americana Stereo, uma dupla de sondas com decolagem prevista para o mês que vem, que deverá capturar imagens tridimensionais do Sol pela primeira vez.


Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.