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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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GENÔMICA

Estudo britânico acha 1.557 genes ativos no 7º trecho analisado do DNA humano; vários atuam no sistema imune

Grupo detalha estrutura do cromossomo 6

DA REDAÇÃO

Pesquisadores no Reino Unido terminaram a análise minuciosa ("anotação") do cromossomo humano 6, que contém genes ligados à resposta imunológica do corpo contra bactérias e vírus. É o maior dos 24 tipos de cromossomo da espécie humana completado até agora, com 2.190 genes potenciais, e compõe cerca de 6% do genoma humano.
O sequenciamento do genoma humano foi concluído em abril por uma equipe internacional. Os pesquisadores estão agora analisando de perto cada um dos cromossomos, pedaços altamente condensados de DNA, para tentar usar as informações para prevenir, diagnosticar e tratar doenças.
Até agora, só haviam sido realizadas análises detalhadas dos cromossomos 20, 21, 22, 7, 14 e Y (exclusivo de indivíduos do sexo masculino). Isso corresponde a 17% do genoma humano.
"O cromossomo 6 é muito rico em genes imunológicos. Esses são genes que nos dão proteção contra patógenos", disse Stephan Beck, chefe do sequenciamento genômico humano no Sanger Centre, em Cambridge, Reino Unido. "Eles basicamente determinam se você sobrevive ou não quando é for contaminado por bactérias ou vírus."
"Esses genes do cromossomo 6 estão envolvidos no processo de quebra de pequenos pedaços de patógenos invasores e de levá-los à superfície da célula", disse Beck. Os pedaços alienígenas são reconhecidos como agentes inimigos (infecção) por outras células, que matam os organismos invasores.
Beck disse que os genes imunológicos são importantes para a medicina dos transplantes, porque os médicos serão mais capazes de parear doadores e receptores de órgãos de forma adequada. "Esses genes são absolutamente críticos para ter bons pareamentos em medicina de transplante."
A sequência anotada é apresentada na edição de hoje da revista "Nature" (www.nature.com) e está disponível em bancos de dados de acesso público.

Genes e pseudogenes
Estima-se que 1.557 genes do cromossomo 6 sejam funcionais (ativos), dos quais apenas 772 já haviam sido descritos. Os outros 633 são "pseudogenes" (inativos).
Beck e seu grupo identificaram cerca de 130 genes que parecem capazes de causar ou gerar predisposição a doenças específicas. "A maioria das doenças envolvidas aqui é complexa, significando que muitos genes estão implicados, mas há também desordens de um único gene", afirmou.
O gene PARK2, que está envolvido numa forma de mal de Parkinson que se manifesta precocemente, e o gene HFE, que está ligado a hemocromatose hereditária, também estão localizados no cromossomo 6. A hemocromatose é uma moléstia em que as pessoas absorvem quantidade excessiva de ferro, o que pode levar a danos nos órgãos internos.
O cromossomo 6 também carrega a maior aglomeração conhecida de genes associados com sequências de tRNA (ou RNA de transferência). Essas moléculas complexas ajudam a traduzir a "receita" presente no DNA em proteínas, que por sua vez realizam as funções vitais.
Cada cromossomo é feito de uma molécula de DNA (ácido desoxirribonucléico), que tem a forma de uma dupla hélice composta por quatro bases químicas, representada pelas letras A (adenina), T (timina), G (guanina) e C (citosina). O arranjo das letras, em trios, pode especificar um dos 20 aminoácidos que podem participar da composição das proteínas. Uma sequência com vários desses trios (chamados de códons) perfaz um gene. A maior parte dos 3 bilhões de pares de bases presentes no DNA não constituem genes -sua função exata ainda não é muito clara para os cientistas.


Com agências internacionais


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