São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2001

Próximo Texto | Índice

PALEONTOLOGIA

Réptil herbívoro viveu há 87 milhões de anos, com 40 m de comprimento, 16 m de altura e 100 toneladas

Argentinos encontram o maior dinossauro

CLAUDIO ANGELO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o assunto são dinossauros, os argentinos têm todo motivo para inflar o ego. A cada dia que passa alguém descobre, na Patagônia, um fóssil maior que o outro. Mas vai ser difícil bater as dimensões do bicho que acaba de ser encontrado na província de Río Negro: 40 m de comprimento, 16 m de altura e um peso estimado em 100 toneladas.
Com todo esse tamanho, o animal pode ser o maior ser vivo que já andou sobre a Terra (no mar, ainda vive a baleia azul, com mais de 150 toneladas e até 33 m).
Vértebras do pescoço do megarréptil foram desenterradas pelo grupo do paleontólogo Jorge Calvo numa jazida abandonada de petróleo e gás, cerca de 1.200 km a sudoeste de Buenos Aires. Calvo trabalha na Universidad del Comahue, na cidade de Neuquén.
O pesquisador, que deve passar o fim-de-semana no local procurando mais vestígios, afirmou que as vértebras têm cerca de 1 metro de diâmetro. Elas provavelmente pertenceram a um saurópode, um herbívoro pescoçudo, que viveu há cerca de 87 milhões de anos, no Período Cretáceo (de 144 milhões a 65 milhões de anos atrás), o último da era dos dinossauros.
Se confirmada a descoberta, o novo animal passa a ocupar o topo da galeria dos gigantes, tomando o lugar de um conterrâneo, o argentinossauro. Descoberto em 1990 pelo paleontólogo Rodolfo Coría, o argentinossauro é um bicho de quase 100 toneladas e mais de 30 metros de comprimento. Pertence a um grupo de saurópodes endêmico da Patagônia, ou seja, que não existe em nenhum outro lugar do planeta.
O fóssil descoberto por Calvo, possivelmente do mesmo grupo, é de um réptil um pouco maior -se é que se trata de uma espécie diferente, no fim das contas.
"Do argentinossauro só se encontraram vértebras do dorso, enquanto do novo animal, vértebras do pescoço. Mas ambas podem ser da mesma espécie, de indivíduos de tamanhos diferentes", disse à Folha o paleontólogo Reinaldo Bertini, da Unesp de Rio Claro, interior paulista.
Os répteis são conhecidos por nunca parar de crescer enquanto vivem. É possível, portanto, que o novo fóssil não passe de um argentinossauro muito velho.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Espaço: Japão monitora preparativos para derrubada da estação espacial Mir
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.