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Lobby do clima leva ministros à Antártida
Comitiva integrada pelo brasileiro Carlos Minc visita estação norueguesa para ver como degelo antártico afetaria o globo
Grupo tem representantes
de mais de 10 países, como
China e EUA; objetivo é
tentar salvar conferência de Copenhague, em dezembro
Charles Hanley/Associated Press
![](../images/d2402200901.jpg) |
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Ken Pedersen, líder de expedição norueguesa que cruzou a Antártida, dá "aula' de ciência polar aos ministros na estação Troll
DA REDAÇÃO
Um grupo de ministros do
Ambiente, entre os quais o brasileiro Carlos Minc, e negociadores internacionais de clima
chegou ontem à Antártida após
ouvir do economista britânico
Nicholas Stern que a falha em
lidar com a questão climática
agora provocará uma "longa
guerra mundial".
Stern falou aos ministros no
sábado na Cidade do Cabo,
ponto de partida para a viagem
de 9 horas até a estação norueguesa Troll. Segundo ele, nas
mãos do grupo de negociadores
estava o potencial de evitar migrações causadas por desastres
climáticos, que poderiam causar conflitos em massa.
"De algum jeito nós temos de
explicar às pessoas o quão
preocupante isso é", afirmou
Stern, ex-economista-chefe do
Reino Unido e autor do relatório que leva o seu nome, divulgado em 2006, sobre os custos
da mudança climática.
A viagem foi organizada pelo
ministro do Ambiente da Noruega, Eric Solheim, com o objetivo de mostrar aos seus colegas a dimensão do continente
austral e como o seu eventual
degelo poderia afetar o nível do
mar de forma dramática.
Ela faz parte de um esforço
diplomático explícito para tentar salvar do colapso a cúpula
do clima de Copenhague, marcada para dezembro. O encontro precisa produzir um acordo
internacional de combate aos
gases de efeito estufa que amplie e substitua o Protocolo de
Kyoto -cuja primeira fase de
compromisso expira em 2012.
Se Copenhague falhar em
produzir um acordo sólido que
ponha o mundo no caminho de
uma redução de pelo menos
50% das emissões até 2050,
alertam os cientistas, o aquecimento global pode sair do controle. Se o acordo for adiado, o
mundo pode ficar a partir de
2012 com um "buraco" legal na
proteção do clima.
A comitiva tem representantes de mais de uma dezena de
nações, incluindo Argélia, Suécia, Congo, Finlândia, Reino
Unido e Rússia. Os dois principais poluidores do planeta -e
potenciais obstáculos a um
acordo nem Copenhague- ,
China e EUA, também estão representados, pelo negociador
de clima Xie Zenhua e o subsecretário de Estado Dan
Reifsnyder, respectivamente.
Na Antártida, Minc e seus colegas se encontraram com cientista noruegueses e americanos
que acabam de voltar de uma
expedição de 2.300 km do polo
Sul até a estação Troll. Também aprenderão sobre as grandes incertezas que ainda existem na pesquisa climática no
continente austral: o quanto a
Antártida está esquentando?
Qual é a quantidade de gelo que
está efetivamente derretendo e
aumentando o nível do mar? E
o quanto isso pode contribuir
para a elevação dos oceanos nas
próximas décadas?
A contribuição do manto de
gelo antártico (que concentra
90% do gelo do planeta) para a
elevação do nível do mar no
globo não pôde ser calculada
pelos modelos climáticos do
IPCC, o painel de climatologistas das Nações Unidas.
A dinâmica do gelo é muito
complexa e, embora algumas
regiões estejam perdendo gelo
aceleradamente, como a península Antártica, no manto de gelo da Antártida Oriental (onde
fica a estação norueguesa) os sinais são misturados. "Nós não
sabemos o que está acontecendo lá", disse David Carlson,
coordenador científico do Ano
Polar Internacional, o maior
esforço de pesquisa já feito para
entender os polos e o clima, que
se encerra neste mês.
Um derretimento descontrolado na Antártida Ocidental -a
região do continente que mais
aqueceu nas últimas décadas-,
no entanto, bastaria para elevar
o nível do mar em vários metros. "Poderia ser o ponto de virada mais perigoso deste século", disse James Hansen, climatologista da Nasa.
No mês que vem, Hansen e
outros pesquisadores realizarão sua própria cúpula de
emergência em Copenhague
para discutir maneiras de forçar os governos a agir.
Com agências internacionais
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