São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


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MEDICINA
Doença ocorre de forma severa e check-up deve ser feito aos 40 anos
Câncer de próstata afeta mais negros

GABRIELA SCHEINBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O câncer de próstata afeta mais homens negros, com uma incidência duas a três vezes maior do que o restante da população masculina. O dado epidemiológico foi obtido a partir de uma campanha para prevenção da doença realizada em 1998 no Hospital das Clínicas, em São Paulo, que atendeu 3.000 homens.
"Embora dados dos EUA já indicassem a prevalência, essa é a primeira vez que dados brasileiros correlacionam a doença com a raça negra", disse o urologista Sami Arap, coordenador da campanha do HC-USP.
O câncer de próstata que afeta os negros (chamado adenocarcinoma) ocorre mais precocemente e é mais grave do que outros tipos.
A incidência elevada do câncer de próstata em negros deve-se principalmente a fatores genéticos, acreditam os cientistas.
O "check-up", segundo Arap, geralmente é realizado a partir dos 50 anos de idade. "No entanto, para homens da raça negra e pessoas com histórico familiar da doença, o check-up deve ser feito a partir dos 40", informou Arap.
Quando a doença é diagnosticada cedo, a chance de cura é maior. Segundo Arap, hoje 80% dos casos são descobertos em pacientes que não apresentam sintomas, com o tumor em fase inicial.
Ele explica que há dois problemas mais frequentes associados à próstata. O primeiro é a hiperplasia, o aumento de tamanho da glândula. O segundo, o câncer. "A hiperplasia não é sempre indicativo de câncer", afirmou. "Por isso, é preciso avaliar o problema corretamente."
Para verificar se um homem tem câncer de próstata, realizam-se dois exames: o toque retal, feito no próprio consultório médico, e o PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês). O PSA é um exame laboratorial que avalia a presença desse antígeno no corpo. Se o paciente tiver o PSA elevado, ele pode ter câncer.
O Instituto Nacional do Câncer estima que, este ano, 6.850 brasileiros morrerão em decorrência do câncer e 14.830 terão a doença diagnosticada.
Uma segunda campanha está sendo realizada esta semana no Hospital das Clínicas. A iniciativa objetiva atender 4.000 homens. Além de avaliar o paciente, Arap informou que vai distribuir um questionário para avaliar o comportamento sexual do homem paulistano entre 50 e 70 anos. "Queremos conhecer os padrões sexuais do brasileiro", disse.


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