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Aquecimento altera padrão de chuva
Mudanças climáticas causadas por atividades humanas deixam países europeus mais úmidos e africanos mais secos
Comparação entre alteração
observada e simulações de
computador sugere que a a
tendência é a mudança ser
pior do que se esperava
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A mudança no padrão de
chuvas observada em todo o
mundo ao longo do último século é conseqüência do aquecimento global, afirma estudo divulgado ontem pela revista
"Nature" (www.nature.com).
O trabalho projeta para o futuro a tendência de áreas secas ficarem mais secas e áreas chuvosas, mais chuvosas.
A ocorrência de tempestades
mais intensas e inundações no
norte do Hemisfério Norte
-como as que vêm castigando
a Inglaterra nos últimos dias-,
e de secas severas em áreas ao
norte do Equador (como México e região do Saara) é fruto,
acreditam os cientistas, do
aquecimento promovido pelo
agravamento do efeito estufa.
Depois de os climatologistas
terem mostrado que a humanidade é responsável pelo aumento na temperatura e no nível do mar, agora eles sugerem
que há, sim, uma parcela de
culpa humana na mudança dos
padrões de chuva.
Estudos anteriores não tinham conseguido mostrar essa
relação porque consideravam a
quantidade global de chuvas.
Assim, mesmo que em um lugar diminuísse e em outro aumentasse, no geral a precipitação se mantinha a mesma, o
que mascarava o resultado.
Agora foi levada em conta a
média por faixa de latitude (veja quadro à direita)
Cientistas americanos, britânicos e japoneses compararam
as mudanças observadas na
precipitação média do século
20 com as simuladas por programas de computador e as dividiram em três grupos.
O primeiro levou em conta
somente as emissões humanas
de gases-estufa, o segundo considerava apenas o impacto de
fenômenos naturais -como
erupções vulcânicas- e o terceiro continha os dois.
Foi esta última análise que
apresentou os melhores resultados. Na faixa que inclui o norte da América do Norte e da
Europa, o nível de precipitação
aumentou 62 mm entre 1925 e
1999. Os pesquisadores estimam que entre 50% e 85% deste aumento possa ser atribuído
a atividades humanas. Nas alterações medidas na faixa de 0 a
30 ao sul da linha do Equador,
também existe uma parcela
grande de culpa humana.
De mal a pior
"[Essas mudanças] já podem
ter causado efeitos significativos nos ecossistemas, na agricultura e na saúde humana em
regiões sensíveis a mudanças
de precipitação", escreve a
equipe liderada por Xuebin
Zhang, da Divisão de Pesquisa
Climática do Canadá.
Além disso, os cientistas perceberam que na comparação
entre as mudanças já observadas e outras simuladas nos modelos climáticos computadorizados, as primeiras foram mais
intensas. Isso sugere que as
projeções que vêm sendo feitas
para os impactos da crise do clima podem estar subestimadas.
No começo do ano, o IPCC
(Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas) qualificou como "inequívoca" a responsabilidade humana pelo
aquecimento global, principalmente por causa da queima de
combustíveis fósseis. Os cientistas estimaram que até o final
do século as temperaturas podem subir até 4C.
Com "Independent" e Reuters
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