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VLS-1
Relatório vai sugerir reorganização das instituições envolvidas, colocando-as sob tutela da Agência Espacial Brasileira
Câmara quer alterar o programa espacial
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O relatório final da comissão externa instituída pela Câmara dos
Deputados para investigar as raízes do acidente com o VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), ocorrido em agosto de 2003, em Alcântara (MA), deve sugerir profundas alterações na organização
do programa espacial brasileiro.
Em uma das oito recomendações estabelecidas pelo relatório,
numa versão preliminar obtida
pela Folha, os deputados sugerem
que "seja reorganizado institucionalmente o setor aeroespacial,
com a subordinação da Agência
Espacial Brasileira à Presidência
da República [hoje ela é ligada ao
MCT, Ministério da Ciência e
Tecnologia], subordinando-se diretamente a ela o Inpe [Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais],
do MCT, e o IAE [Instituto de Aeronáutica e Espaço], do CTA
[Centro Técnico Aeroespacial, órgão da Aeronáutica]".
O documento será discutido
hoje pela comissão, a partir de
uma versão redigida pelo coordenador dos trabalhos, deputado
Corauci Sobrinho (PFL-SP).
"Uma coisa ou outra pode ser
acrescentada, mas as idéias principais levantadas pela comissão já
estão nessa versão", afirma.
Segundo o relatório, três fatores
estiveram ligados, como causas
remotas, ao incêndio que matou
21 servidores do IAE, enquanto
eles preparavam o foguete para
sua terceira decolagem.
O primeiro foi o baixo nível de
investimentos. Em segundo lugar,
a política de pessoal do setor, que
não era suficiente para manter
pessoal capacitado nos projetos.
Em terceiro, a organização institucional se mostrou falha, "já que
a AEB, teoricamente responsável
pelo programa, não tem comando efetivo sobre as atividades".
Além da reorganização institucional, o aumento de recursos e a
criação de planos de carreira para
funcionários que trabalham no
programa, a comissão da Câmara
recomenda que o Comando da
Aeronáutica continue investigando as raízes técnicas do acidente.
Também instrui que os governos federal, do Maranhão e de Alcântara tomem providências para
sanar os problemas sociais decorrentes da necessidade de realocação de populações locais quando
da instalação do Centro de Lançamento de Alcântara.
A idéia da comissão é aprovar a
versão final do relatório e fazê-la
passar pelo plenário da Câmara
antes do final do ano, para encaminhá-lo aos Ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia e à
Presidência da República.
O documento não faz menção à
necessidade de mudança de cultura interna nas equipes que preparam o lançamento de foguetes
brasileiros. Anteontem, a Folha
revelou que um novo teste de veículo de sondagem está marcado
para acontecer no mês que vem,
sem divulgação e com várias práticas irregulares de engenharia.
Outro lado
O Comando da Aeronáutica, ao
ser procurado pela Folha, confirmou que o vôo do foguete de sondagem VSB-30 está marcado para
setembro e diz que as revisões
preliminar e crítica de projeto,
normalmente feitas antes da
montagem do veículo, serão feitas
com o foguete já montado. A primeira ocorrerá em 25 de agosto, e
a segunda, em 8 de setembro.
"Todas as críticas e sugestões
decorrentes de ambas as reuniões
deverão ser consideradas e discutidas. Caso alguma recomendação resulte em fator impeditivo ao
lançamento, o mesmo não será
realizado até a implementação
das medidas corretivas necessárias", disse o brigadeiro Antonio
Guilherme Telles Ribeiro, chefe
do Cecomsaer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica).
A Aeronáutica diz desconhecer
o conteúdo do relatório da comissão da Câmara, que sugere modificações no programa espacial.
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