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Código florestal reduz até 12 vezes absorção de CO2
Redução de florestas impediria que país cumpra metas do Acordo de Copenhague
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Se implementadas, as alterações no CFB (Código Florestal Brasileiro), propostas
pelo deputado Aldo Rebelo e
aprovadas em julho na Câmara dos Deputados, poderão levar, no longo prazo, a
emissões de CO2 equivalentes
a três vezes a produção anual
desse gás-estufa no Brasil.
Isso num cenário otimista.
Numa análise mais pessimista, em que os proprietários de
terra suprimam totalmente a
vegetação na áreas isentadas
pelo novo CFB, as emissões
poderiam ser 12 vezes o total
anual brasileiro.
Os números são de um relatório técnico preliminar divulgado pelo Observatório
do Clima, que calculou os impactos do novo CFB sobre as
metas climáticas do país.
"É contraditório que um
país com metas de redução
de emissões aprove um código florestal que reduza a capacidade de armazenamento
de CO2", diz André Ferretti,
coordenador do Observatório do Clima.
O Brasil emite cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2 por
ano. Na agropecuária, que
contribui com cerca de 20%
do total, o compromisso assumido pelo país no Acordo
de Copenhague é de reduzir
as emissões em 160 milhões
de toneladas até 2020.
Dentre as principais mudanças propostas pelo novo
CFB estão a dispensa de reserva florestal legal para pequenas propriedades (até
quatro módulos fiscais) e a
redução de 30 m para 15 m da
área de preservação nas margens dos córregos (rios com
até 5 metros de largura).
RUÍDOS NA ACADEMIA
Chamando os biólogos
que se opuseram à proposta
de Aldo Rebelo de "parte ruidosa da academia", o pesquisador Luís Carlos Moraes, do
Centro Universitário do Oeste
Paulista, afirmou ontem na
Câmara dos Deputados que,
se o Código Florestal atual
fosse cumprido, sobraria só
25% do território brasileiro
para a agropecuária.
Moraes participou de uma
audiência pública organizada pela Comissão de Agricultura da Câmara.
A SBPC e a ACB (Academia
Brasileira de Ciências) afirmam que a proposta de Rebelo de reforma do código não
se pautou por critérios científicos. Já Moraes diz que o
Conselho Federal de Biologia
aprovou o relatório e que o
texto de Rebelo acatou 70%
das demandas da biologia.
"Tem de acatar 100%?"
Segundo ele, a aplicação
da lei florestal para repor todo o deficit de reserva legal
do Brasil (65 milhões de hectares) demandaria R$ 260 bilhões só em mudas -o equivalente a oito anos de arrecadação de CPMF.
"Arrumem dinheiro, que eu saio plantando árvores daqui até o Amapá", disse.
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