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Grupo cria célula-tronco sem o embrião
Linhagem celular obtida por cientistas no Rio de Janeiro é a primeira do Brasil; agora, cinco países dominam a técnica
Pesquisador da UFRJ, que coordenou o estudo, afirma que o novo material poderá ser usado para o teste de fármacos no curto prazo
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisadores do Rio de Janeiro anunciaram ontem a obtenção de células-tronco pluripotentes induzidas, conhecidas
pela sigla em inglês iPS. É a primeira vez que essas células, que
não dependem de material do
embrião humano para serem
construídas geneticamente,
são criadas por um grupo de
pesquisa do Brasil.
Assim como as células-tronco embrionárias humanas, que
nos próximos meses vão ser
testadas em dez pacientes nos
Estados Unidos, as iPS podem
se transformar em qualquer tipo de tecido humano, por isso,
são pluripotentes.
A técnica para fazer as iPS
envolve reprogramação de
DNA. O grupo coordenado pelo
neurocientista Stevens Rehen,
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), obteve as
novas linhagens celulares ao
manipular quatro genes de células de rim humano.
A interferência genética por
meio de vetores virais faz uma
espécie de reprogramação na
célula. Com isso, ela deixa de
ser uma célula de rim e passa a
ter as características de uma
célula pluripotente.
"No curto prazo, uma aplicação para essas células é o teste
de fármacos", disse à Folha Rehen. O grande objetivo dos pesquisadores é fazer protocolos
bastante específicos, que podem até ser individuais. As células de um paciente, por
exemplo, podem ser reprogramadas em laboratório. "Um
teste, neste caso, pode mostrar
que apenas uma droga específica funciona naquele neurônio
que acabou de ser criado."
Segundo reportagem publicada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo", os próprios
cientistas admitem que apesar
do avanço anunciado agora, isso não significa que os estudos
com as células-tronco embrionárias humanas podem ser
abandonados. A obtenção desse tipo de célula é polêmica,
pois depende da morte de um
embrião humano.
O grupo carioca, que contou
também com a participação do
INCa (Instituto Nacional de
Câncer), já tentava desde o ano
passado dar esse passo tecnológico importante na área da genética, como publicou a Folha
em outubro. Há mais de três
anos, os pesquisadores da
UFRJ acumulam conhecimento em cultivo celular.
Agora, além do Brasil, Japão,
Estados Unidos, Alemanha e
China dominam a técnica. Os
japoneses foram os pioneiros
na obtenção da iPS.
Os pesquisadores do Rio de
Janeiro, além da linhagem gerada pela reprogramação de células do rim humano, conseguiram também desenvolver, ao
mesmo tempo, uma outra família de células iPS. Esse outro
grupo foi obtido a partir de fibroblastos (células jovens) da
pele de camundongos.
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