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RIO +10
Chefes de Estado de Brasil, Suécia e África do Sul pretendem estimular o envolvimento de todos os países no debate ambiental
Líderes querem manter espírito da Eco-92
Associated Press
![](../images/d2506200201.jpg) |
Manifestantes protestam no Rio contra a retirada norte-americana do pacto climático de Kyoto |
CLAUDIO ANGELO
LEILA SUWWAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Fernando Henrique Cardoso, o primeiro-ministro sueco, Göran Persson, e o presidente da África do Sul, Thabo
Mbeki, reconheceram ontem a
responsabilidade dos três países
de manter o "espírito do Rio" e fazer avançar a Rio +10, conferência
da ONU sobre o desenvolvimento
sustentável que ocorre em agosto
em Johannesburgo, África do Sul.
FHC, que tem sido pressionado
pelos ambientalistas a assumir o
papel de liderança regional latino-americana na questão ambiental,
disse, durante audiência pública
que reuniu os três chefes de Estado, que é necessário trazer para o
debate "todos os países, inclusive
alguns que são um tanto reacionários" -uma alusão aos EUA.
A audiência serviu como a movimentação política que faltava
para dar alguma perspectiva de
sucesso à cúpula de Johannesburgo, ameaçada de naufragar em
desmobilização e retrocessos armados pelos países ricos, que não
querem adotar compromissos rígidos contra a degradação ambiental e a pobreza, como a destinação -acordada durante a Eco-92- de 0,7% de seu PIB para ajuda ao desenvolvimento.
"Até agora, todas as negociações ambientais estavam sendo
feitas por diplomatas. É preciso
que os chefes de Estado assumam
essa responsabilidade", disse à
Folha o ambientalista Rubens
Born, do Instituto Vitae Civilis.
Segundo Göran Persson, o sucesso da conferência de Johannesburgo não significaria somente
que o desenvolvimento sustentável -cuja implementação foi definida na Eco-92 pela Agenda
21- é algo realizável. "Existe a
necessidade de mostrar que o sistema das Nações Unidas funciona", declarou o líder sueco.
Falando em nome dos africanos, que padecem com -entre
outras coisas- níveis altos de degradação dos solos e escassez de
água, Mbeki disse que "Johannesburgo não pode desapontar todos
os povos para quem a questão
[ambiental] é de vida ou morte".
A plenária, realizada como parte do seminário Rio +10 Brasil,
que acaba hoje, teve o reforço de
última hora do vice-primeiro-ministro britânico, John Prescott.
A presença de Prescott é considerada importante, pois os britânicos são os principais aliados dos
EUA, considerados o principal
inimigo dos acordos ambientais.
Prescott roubou a cena e foi
aplaudido várias vezes. Primeiro,
por lembrar a eliminação da Inglaterra pelo Brasil na Copa do
Mundo e desejar vitória ao país.
Depois, por chamar os chefes de
Estado à responsabilidade.
Em entrevista coletiva no início
da tarde, FHC cobrou "medidas
efetivas" para combater a pobreza, dar aos países pobres acesso
aos mercados, permitir transferência de tecnologia e proteger o
ambiente. "A globalização, do jeito que vai, vai mal. É preciso criar
mecanismos para contrabalançar
a sensação dos povos de que a globalização só serve para os ricos."
O ministro do Meio Ambiente,
José Carlos Carvalho, afirmou
que o Brasil defenderá que sejam
estabelecidas metas de diminuição da pobreza no mundo. "Assim como estamos apresentando uma proposta de chegar em 2010 com 10% das fontes de energia do
planeta renováveis, achamos que é preciso estabelecer também metas específicas para propostas de alívio da pobreza", afirmou.
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